Índia enfrenta produtores globais em mercado de açúcar
(Bloomberg) -- Os preços do açúcar caíram para o menor nível em 11 meses, desafiando as previsões de mudança no mercado global de superávit para déficit. A Índia, que muitas vezes assume um papel decisivo nos números de produção, está novamente no radar de rivais, que criticam os subsídios às exportações do país asiático.
As políticas do governo indiano para subsídios e cotas de exportação levaram outros produtores a apresentarem uma queixa na Organização Mundial do Comércio. A crescente disputa estaria na agenda do presidente Jair Bolsonaro, que planeja visitar a Índia em novembro, informou a Organização Internacional do Açúcar em relatório.
A disputa também está na agenda de traders e investidores na sexta conferência anual da S&P Global Platts, que começa domingo em Miami. Os contratos futuros do açúcar bruto acumulam queda de 8,4%, para 11,02 centavos de dólar por libra-peso em 2019, a caminho da terceira queda anual consecutiva. O otimismo foi abalado pelo fluxo de exportações da Índia que o Brasil, principal produtor, chama de "insustentável".
"Há muita preocupação no mercado", disse Michael McDougall, diretor-gerente da Paragon Global Markets, em Nova York, em entrevista por telefone. O preço do açúcar está em baixa há dois anos, "o que geralmente não é bom para ninguém", disse.
Pequenos produtores como Guatemala e El Salvador "continuarão sofrendo", em parte por causa da volatilidade cambial, disse McDougall, que participará da conferência Platts.
O Citigroup chamou a política da Índia de "golpe" para investidores que apostam na alta. Embora os preços domésticos na Índia continuem altos, precificando as exportações em um nível viável em torno de 13 centavos de dólar, "altos estoques e desaceleração do crescimento do consumo interno" podem reduzir margens e estimular ofertas mais baratas de exportação, disse Aakash Doshi, analista do Citi, em relatório esta semana.
No mês passado, o Citigroup havia previsto uma mudança na balança global para um déficit de oferta de 7,2 milhões de toneladas nos 12 meses a partir de 1º de outubro, comparado com um superávit nesta temporada. A Índia deve produzir 28 milhões de toneladas, uma queda de 15%.
O real e a rupia indiana enfraqueceram em relação ao dólar, aumentando o apelo das exportações cotadas na moeda americana. O consumo mundial de açúcar deve aumentar 1,3% em 2020, abaixo da tendência histórica, segundo a Organização Internacional do Açúcar, com sede em Londres.
Os produtores podem se beneficiar de uma mudança global com foco no etanol à base de cana-de-açúcar e da crescente demanda nos mercados emergentes. O maior uso de caldo de cana para biocombustível na Índia, Brasil e, possivelmente, na China poderia reduzir os estoques, disse Bruno Lima, analista da INTL FCStone, em entrevista por telefone.
Para contatar a editora responsável por esta notícia: Daniela Milanese, dmilanese@bloomberg.net
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