Parceria do UBS e Banco do Brasil deve incluir corretora: Fontes
(Bloomberg) -- A poderosa corretora do UBS é parte importante das conversas avançadas do banco suíço com o Banco do Brasil para criação de uma joint-venture brasileira, segundo pessoas familiarizadas com o assunto.
O UBS controlaria a sociedade, que faria trading de ações e futuros, além de atividade de banco de investimento, disseram as pessoas, pedindo para não serem identificadas, pois as discussões não são públicas.
O Banco do Brasil, maior gestor de recursos de terceiros do Brasil, não possui corretora própria para trading de ações ou derivativos. Hoje, essa operações são feitas por meio de outros bancos. O BB possuía R$ 1 trilhão em recursos sob gestão em julho, segundo a Anbima, associação do mercado de capitais. A corretora do UBS, que ocupava a primeira posição no trading de ações no Brasil desde 2014, está em segundo lugar este ano, segundo dados compilados pela Bloomberg.
A parceria entre o banco brasileiro e o UBS seria semelhante a outros acordos que o Banco do Brasil mantém por exemplo com a Mapfre em seguros e com a Principal Financial Group Inc. em previdência privada. A estrutura que está sendo desenhada daria ao banco estatal a maioria do capital, mas o UBS teria a maioria das ações com direito a voto. Passar o controle ao UBS significa que a joint-venture não teria algumas das amarras das empresas estatais, como restrições ao pagamento de bônus e obrigatoriedade de concurso público na hora de contratar funcionários.
O UBS passaria a ter mais acesso aos fluxos de trading do Banco do Brasil e ganharia com o forte relacionamento do banco brasileiro com grandes corporações. O Banco do Brasil é o maior banco do país em ativos, com uma carteira de empréstimos de R$ 686,6 bilhões em junho. Os empréstimos para as grandes empresas representavam cerca de R$ 154 bilhões.
O banco estatal também poderia ajudar o UBS a ganhar negócios de banco de investimento que exigem crédito, fornecendo empréstimos-ponte para aquisições ou garantia firme em emissão de títulos locais - mercados que estão crescendo este ano.
O UBS ocupa o 7º lugar na assessoria a fusões e aquisições no Brasil este ano e o 6º em liderança na emissão de ações, segundo dados compilados pela Bloomberg. A empresa com sede em Zurique não participa do mercado brasileiro de títulos de dívida.
Sylvia Coutinho, chefe de gestão de fortunas global do UBS na América Latina e presidente no Brasil, e Rubem de Freitas Novaes, presidente do Banco do Brasil, estão entre os que negociam o acordo, disse uma pessoa.
O UBS não quis comentar. O Banco do Brasil não quis comentar e se referiu ao comunicado que divulgou em 6 de setembro, onde afirmou que está analisando alternativas para seus negócios no mercado de capitais, incluindo parcerias, mas que não havia conversas vinculantes no momento.
A corretora do UBS perdeu sua primeira posição no mercado de ações este ano para a XP Investimentos à medida que muitos investidores internacionais se afastaram do Brasil, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. A XP movimentou R$ 724,6 bilhões em valor bruto este ano, enquanto o UBS ficou em segundo lugar, com R$ 557,9 bilhões, mostram os dados. A XP também possui as corretoras Clear e Rico, que acrescentam R$ 176,6 bilhões ao total da empresa.
O responsável pela operação de ações no Brasil e negocição eletrônica do UBS na América Latina, Nilson Monteiro, deixou o banco no início deste ano com outro executivo e levou alguns clientes com ele para a Ideal Corretora de Títulos e Valores Mobiliários, disseram outras duas pessoas familiarizadas com o assunto.
O UBS processou Monteiro, argumentando que o executivo não havia respeitado um acordo de não-competição que incluía uma remuneração por parte do banco, de acordo com o advogado Maurício Pessoa, do escritório Pessoa Advogados, que representa o UBS. A juíza Katia Bizzetto concedeu ao UBS uma liminar determinando que Monteiro deveria deixar qualquer cargo de administração na Ideal. A juíza impôs uma multa diária de R$ 60 mil se ele não cumprisse com a determinação, pois Monteiro tinha acesso a informações sigilosas e estratégicas no UBS, de acordo com documentos públicos.
As duas partes já chegaram a um acordo, segundo pessoas familiarizadas com o assunto.
Monteiro e UBS não quiseram comentar o acordo.
Outro obstáculo para o UBS é uma mudança nas regras do mercado que torna mais ágil para os clientes de alta frequência operar com várias corretoras, disse uma pessoa.
A corretora do UBS, que não está presente no mercado de varejo no Brasil, tem sido a maior do país em trading eletrônico, no qual predominam os investidores estrangeiros. A participação de estrangeiros nos mercados de ações no Brasil caiu para 45,7% este ano até 5 de setembro, ante 48,9% no ano passado, enquanto os investidores de varejo locais aumentaram para 18,3% no mesmo período, de 17,9% em 2018, segundo informações da B3.
Embora o UBS tenha perdido participação no mercado, sua receita continua crescendo à medida que o mercado se expande, de acordo com uma pessoa familiarizada com o assunto. O volume total diário negociado em ações nos mercados brasileiros até 31 de agosto deste ano foi 43% maior que o mesmo período do ano passado.
--Com a colaboração de Steven Arons, Nicholas Comfort e Vinícius Andrade.
Repórteres da matéria original: Cristiane Lucchesi em São Paulo, clucchesi5@bloomberg.net;Rachel Gamarski em São Paulo, rgamarski@bloomberg.net;Felipe Marques em São Paulo, fmarques10@bloomberg.net
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