IPCA
0,83 Mar.2024
Topo

Com novo jato E175-E2, Embraer olha para mercados além dos EUA

Fabiola Moura

13/09/2019 17h28

(Bloomberg) -- A Embraer está prestes a concluir a primeira montagem da nova versão de seu menor jato comercial, o E175-E2, nesta sexta-feira, mas a aeronave chega ao mercado com uma desvantagem: é muito pesada para ser pilotada sob os termos dos contratos de pilotos dos Estados Unidos.

A fabricante de aviões está apostando nos clientes de outros países das Américas, do Sudeste Asiático e da Europa para vender a versão modernizada.

"Minha equipe de vendas e marketing está se dedicando com afinco a campanhas ativas para esta aeronave fora dos EUA", disse John Slattery, presidente da divisão de aviação comercial da Embraer, durante entrevista enquanto a empresa comemorava a primeira entrega de outro avião novo, o E195-E2, o maior já fabricado pela empresa. "Acredito que a Embraer vai conseguir uma operadora de lançamento para o E175-E2 nas Américas nos próximos meses."

Com capacidade para 76 a 88 pessoas e pesando no máximo 40 toneladas, o E175 original tem sido um sucesso de vendas entre as companhias aéreas regionais da América do Norte. Ao lado do CRJ da Bombardier, o jato brasileiro era leve o suficiente para atender à "cláusula de escopo" dos contratos de pilotos dos EUA, que limita o tamanho dos aviões que operadoras regionais podem operar para grandes companhias aéreas.

O novo E175, que é mais pesado, porém mais econômico em termos de combustível e mais silencioso que o antecessor, atenderá às necessidades de renovação da frota para o mercado de 76 assentos em regiões de rápido crescimento, como a Ásia, mesmo sendo inelegível para os EUA, disse Slattery. Quase 600 dos modelos mais antigos foram vendidos para companhias aéreas americanas desde janeiro de 2013, e cerca da metade das 20 companhias aéreas com jatos E175 em suas frotas estão localizadas fora do continente.

A Embraer continuará montando a versão mais antiga do E175, mesmo após a estreia do novo modelo, com o objetivo de atender o mercado dos EUA. O desenvolvimento da versão E2 foi suspenso, mas a Embraer reiniciou o programa e espera entregar o primeiro avião em 2021, disse Slattery durante a entrevista.

'Linha de produção híbrida'

"Desenvolvemos uma linha de produção híbrida única que permanecerá em operação pelo tempo que desejarmos produzir o E175-E1", afirmou. Nesta sexta-feira, engenheiros da Embraer vão concluir a montagem do primeiro E175-E2, instalando os motores Pratt & Whitney nas asas, disse.

A etapa acontece um dia após a primeira entrega de outro novo avião: o E195-E2, que foi entregue no prazo e abaixo do orçamento.

"Queremos ser tão consistentes a ponto de ser tediosos aqui na Embraer" quanto a cumprir prazos de entrega e orçamentos, disse Slattery durante o evento para a entrega do E195-E2 à Azul, realizado na quinta-feira em São José dos Campos. Slattery foi escolhido para comandar a Boeing Brasil-Commercial, a anunciada joint venture entre a Embraer e a fabricante de aviões americana.

A Mitsubishi Aircraft, que está comprando o programa CRJ da Bombardier, é uma potencial concorrente da Embraer no mercado regional de jatos dos EUA. Embora a produção do CRJ deva ser descontinuada no próximo ano, a Mitsubishi atualmente utiliza as operações de manutenção, suporte, marketing e vendas compradas da empresa canadense para ajudar no desenvolvimento de um modelo de 76 lugares, o SpaceJet M100.

A Mesa Air, companhia aérea regional dos EUA e cliente da Embraer, assinou recentemente um memorando de entendimento com a empresa japonesa para a compra de até 100 aviões. Se o negócio for concretizado, as entregas começarão em cinco anos.

"Até 2024, sim, acho que a Mitsubishi vai estar" no mercado regional dos EUA, disse George Ferguson, analista da Bloomberg Intelligence. "A Embraer deve pensar no futuro, mas a Boeing vai estar lá para ajudá-la a pensar sobre isso."

Para contatar o editores responsável por esta notícia: Daniela Milanese, dmilanese@bloomberg.net;Patricia Xavier, pbernardino1@bloomberg.net