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Aramco pode ter que esperar meses para recuperar produção

Anthony DiPaola, Javier Blas e Will Kennedy

16/09/2019 15h46

(Bloomberg) -- A Saudi Aramco está menos otimista quanto à rápida recuperação da produção de petróleo depois do ataque do fim de semana e agora precisa esperar semanas ou meses antes que a maior parte da produção seja restaurada na gigante unidade de processamento de Abqaiq.

A grande pergunta é sobre a rapidez com que o reino pode se recuperar do devastador ataque, que atingiu cerca de 5% da oferta global e provocou um aumento recorde dos preços do petróleo. Inicialmente, a expectativa era de que volumes significativos de petróleo poderiam começar a fluir novamente dentro de dias. Embora a Aramco ainda esteja avaliando o estado da unidade e o escopo dos reparos, atualmente acredita-se que menos da metade da capacidade da instalação possa ser restaurada rapidamente, disseram pessoas a par do assunto, que não quiseram ser identificadas porque as informações são confidenciais.

"Os danos às instalações de Abqaiq são mais graves do que se pensava", disse Amrita Sen, analista-chefe de petróleo da Energy Aspects. "Embora ainda acreditemos que até 50% dos 5,7 milhões de barris por dia de produção que foram suspensos possam retornar rapidamente, a retomada total pode demorar semanas ou até meses."

A perda de Abqaiq, que movimenta 5,7 milhões de barris de petróleo por dia, ou cerca da metade da produção saudita, é o pior e súbito corte de fornecimento do mercado de petróleo. A Saudi Aramco está acionando campos ociosos de petróleo offshore - parte de sua reserva de capacidade não utilizada - para substituir parte da produção perdida, disse uma pessoa. Os clientes da Aramco também estão sendo abastecidos com estoques, embora a empresa esteja oferecendo petróleo de graus diferentes a alguns compradores. O reino possui estoques domésticos suficientes para cobrir cerca de 26 dias de exportações, de acordo com a consultoria Rystad Energy.

Em um dia extraordinário de negociação, o petróleo tipo Brent deu um salto de quase US$ 12 nos segundos após a abertura em Londres, a maior alta em dólares desde seu lançamento em 1988. Os preços depois devolveram parte desse ganho inicial de quase 20%, mas subiram novamente enquanto os operadores esperavam em vão por uma declaração da Aramco que esclarecesse a escala dos danos. Os contratos futuros eram negociados a quase US$ 69 o barril a partir das 18h19, horário local, rumo ao maior avanço de todos os tempos. Um volume recorde de contratos do tipo Brent mudou de mãos.

--Com a colaboração de Christopher Sell e Evan Sully.

Para contatar a editora responsável por esta notícia: Daniela Milanese, dmilanese@bloomberg.net

Repórteres da matéria original: Anthony DiPaola em Dubai, adipaola@bloomberg.net;Javier Blas em Londres, jblas3@bloomberg.net;Will Kennedy em Londres, wkennedy3@bloomberg.net