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UE quer iniciativa tecnológica para competir com China e EUA

Ryan Gallagher e Natalia Drozdiak

30/09/2019 13h59

(Bloomberg) -- O braço executivo da União Europeia alertou que a Europa está colocando em risco seus principais valores e influência estratégica devido à dependência excessiva de hardware e software fornecidos por outros países.

Um documento de política interna, produzido pela Direção-Geral das Redes de Comunicação, Conteúdos e Tecnologias da Comissão Europeia, pede ações urgentes e propõe uma "iniciativa de soberania tecnológica" que, segundo a agência, poderia reverter a tendência.

Sem uma mudança de direção, as "fundações da sociedade europeia e seus valores ficarão cada vez mais sob pressão, pois confiar em países terceiros significa confiar em seus valores", de acordo com o documento, cuja cópia foi obtida pela Bloomberg News. "A posição e a influência da Europa nos mercados globais serão corroídas, afetando a liderança europeia e comprometendo nossa soberania tecnológica nas principais cadeias de valor estratégico industrial."

O documento de 23 páginas, um capítulo de uma publicação mais longa, parece ter sido preparado para representantes do alto escalão que trabalham com Ursula von der Leyen, que em novembro substituirá Jean-Claude Juncker como presidente da Comissão Europeia.

O Parlamento Europeu deve discutir os indicados de von der Leyen para o braço executivo em audiências de confirmação a partir desta semana, onde questões de soberania tecnológica e inteligência artificial devem surgir. Se confirmadas, Sylvie Goulard, escolhida como comissária de mercado interno, e Margrethe Vestager, nomeada vice-presidente executiva de assuntos digitais, além de seu cargo atual de responsável por questões antitruste, terão a palavra final sobre políticas de tecnologia da UE.

Johannes Bahrke, porta-voz da Comissão Europeia, não quis comentar. "Não comentamos vazamentos" de informações, disse em e-mail.

O documento destaca a urgência de um debate sobre como a comunidade tecnológica europeia pode produzir potências para competir com empresas como Apple ou Huawei Technologies. Empresas europeias que produzem os elementos fundamentais da tecnologia - incluindo semicondutores e software - falharam em acompanhar o aumento do custo do investimento para se manterem competitivas. Ao mesmo tempo, segundo o documento, suas contrapartes dos EUA avançaram no desenvolvimento de padrões e produtos, enquanto empresas asiáticas como Samsung Electronics dominaram a fabricação em larga escala com a qual as empresas europeias não podem competir.

--Com a colaboração de Ian King.

Para contatar o editor responsável por esta notícia: Daniela Milanese, dmilanese@bloomberg.net

Repórteres da matéria original: Ryan Gallagher London, rgallagher76@bloomberg.net;Natalia Drozdiak Brussels, ndrozdiak1@bloomberg.net