Culpar petroleiras não resolve crise climática, diz CEO da Shell
(Bloomberg) -- O mundo não pode resolver o problema das mudanças climáticas apenas culpando produtores de energia como a Royal Dutch Shell, disse o presidente da petroleira.
Falando em um evento em Londres - que chegou a ser interrompido por manifestantes que acusaram os participantes de destruir o planeta -, o CEO da Shell, Ben van Beurden, afirmou que o setor de petróleo precisa tomar medidas radicais para reduzir as emissões de carbono, mas os consumidores devem fazer o mesmo.
"Somos nós, como uma sociedade que precisa se transformar, não apenas os fornecedores de energia", disse van Beurden em entrevista à TV Bloomberg durante a conferência Oil & Money na quarta-feira. "Se você deseja descarbonizar o sistema de energia, não se trata de forçar as pessoas a receberem um suprimento com menos carbono."
As maiores petroleiras do mundo estão sob crescente pressão de investidores e da sociedade para deixarem de produzir, o mais rápido possível, combustíveis fósseis que aquecem o planeta. A Shell está investindo em parques eólicos, carregamento de carros elétricos e hidrogênio, além de continuar investindo bilhões em seus negócios tradicionais de combustíveis fósseis.
"Não somos 'Big Oil, somos Big Energy'", disse van Beurden. Em um aceno às mudanças climáticas e à transição energética, em 2020 a conferência Oil & Money mudará o nome para Energy Intelligence Forum.
Pressionar grandes empresas de petróleo não é a resposta para a mudança climática; a pressão deve ser exercida igualmente sobre consumidores, disse van Beurden.
"A mudança climática é o maior desafio que o setor de energia enfrenta, mas o setor de energia não é o maior desafio para um mundo que tenta enfrentar as mudanças climáticas", disse o executivo. "Não bombeamos petróleo e gás do solo e o deixamos em depósitos. As pessoas consomem. Dirigem. Cozinham. Administram seus negócios."
Para contatar o editor responsável por esta notícia: Daniela Milanese, dmilanese@bloomberg.net
Repórteres da matéria original: Kelly Gilblom em Londres, kgilblom@bloomberg.net;Annmarie Hordern em Londres, ahordern1@bloomberg.net
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