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Em revisão, Fed busca estratégia flexível para meta de inflação

Craig Torres e Catarina Saraiva

09/10/2019 16h04

(Bloomberg) -- Um presidente do Federal Reserve poderia fazer uma promessa hoje para que seja cumprida por seu sucessor no futuro?

É uma questão fundamental, pois as autoridades de política monetária dos EUA discutem seriamente a melhor forma de perseguir seus objetivos para obter o máximo emprego e preços estáveis.

No foco de sua revisão está o que o presidente do Fed, Jerome Powell, chama de "estratégias de maquiagem" para a inflação - prometendo compensar o fato de a meta do Fed estar persistentemente abaixo de 2% ao permitir que os preços subam acima desse nível por um período de tempo ou vice-versa.

Um grande problema: Powell pode não estar à frente do banco central quando chegar a hora de cumprir essa promessa.

"Estamos analisando coisas como estratégias de maquiagem para a inflação, nosso kit de ferramentas e como nos comunicamos", disse o presidente do Fed na terça-feira em uma conferência sobre economia em Denver. "Estou esperançoso e acredito que seremos capazes de encontrar algumas inovações que nos colocarão em uma posição melhor para servir o público."

O registro da reunião do Comitê de Mercado Aberto Federal de julho mostrou as autoridades discutindo duas opções - colocar a meta de inflação de 2% existente em um intervalo ou tentar atingir esse número com uma média ao longo do tempo com as chamadas estratégias de maquiagem.

"Estou nervoso sobre isso", disse o presidente do Fed de Richmond, Thomas Barkin, a repórteres em 26 de setembro, quando perguntado sobre estratégias de maquiagem, pois considera uma medida "difícil de acertar".

De acordo com sua abordagem atual, o Fed trata a inflação abaixo da meta como algo "passado" e não tenta compensá-la ao longo do tempo.

À medida que as conversas avançam, as autoridades destacam posições e apontam benefícios e falhas em cada ideia. Quando a revisão terminar no próximo ano, dizem os observadores do Fed, a ideia que deve prevalecer será menos específica e menos vinculante. Em outras palavras, uma grande tenda para abranger muitos pontos de vista que preservam a maior flexibilidade possível.

"O comitê de formulação de políticas do Fed não tem absolutamente nenhum poder para vincular quaisquer decisões futuras do comitê", disse Andrew Levin, ex-assessor de Janet Yellen, ex-presidente do Fed, que agora é professora de economia do Dartmouth College.

--Com a colaboração de Christopher Condon, Sophie Caronello e Richard Miller.

Para contatar o editor responsável por esta notícia: Daniela Milanese, dmilanese@bloomberg.net

Repórteres da matéria original: Craig Torres em Washington, ctorres3@bloomberg.net;Catarina Saraiva em Houston, asaraiva5@bloomberg.net