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Com guerra comercial, rei do cobre melhora condições de contrato

Laura Millan Lombrana

17/10/2019 14h50

(Bloomberg) -- A maior mineradora de cobre do mundo está oferecendo aos clientes condições mais favoráveis para os contratos de fornecimento em 2020, já que as tensões da guerra comercial afetam o cenário de demanda pelo metal industrial.

Embora a Codelco, que tem sede em Santiago, não não tenha planos de mudar os prêmios que cobra nas vendas do metal para a Ásia ou Europa, a empresa pretende ajustar os termos dos contratos para torná-los mais atraentes, disse o diretor comercial Roberto Ecclefield.

"Nosso foco é no fortalecimento do relacionamento com clientes que desejam assinar contratos de três anos, especialmente na Ásia", disse Ecclefield em entrevista na sede da empresa. "Os clientes gostam muito dessa estratégia, porque procuram estabilidade a longo prazo."

Os preços do cobre acumulam queda de 12% nos últimos seis meses, diante da desaceleração do crescimento global e da persistente guerra comercial, que ofuscam as perspectivas para o metal usado no setor de construção e fabricação de automóveis. A demanda chinesa por cobre deve aumentar cerca de 1,5% este ano, bem abaixo dos 2,5% esperados no início do ano, disse Ecclefield.

Mas ele insiste que ainda existe demanda. A Codelco assinou quase todos os contratos na Europa para este ano, fechou negociações com seus clientes mais importantes nos EUA e iniciou conversas com clientes asiáticos, disse Ecclefield.

"Seria tolice dizer que a guerra comercial não está afetando o mercado, mas os clientes ainda querem os volumes", disse Ecclefield.

A Codelco tradicionalmente assina contratos de fornecimento no final do quarto trimestre, sendo que seus prêmios servem como referência para o resto do setor. Mas, este ano, a empresa está repetindo sua estratégia de 2018 de garantir volumes um pouco antes sob condições mais flexíveis. A empresa começou a oferecer contratos de três anos para alguns clientes em 2018 e deseja fazer isso com mais frequência este ano.

Com os preços perto do menor nível em mais de dois anos, o investimento global em projetos novos e existentes foi impactado, afirma a estatal chilena. As mineradoras globais de cobre investiram cerca de US$ 15 bilhões em 2018, bem abaixo dos US$ 30 bilhões anuais antes da crise de 2016, de acordo com estimativas da Codelco. Os investimentos este ano provavelmente serão ainda mais baixos, disse Ecclefield.

"Esse nível de investimento só fortalecerá os fundamentos do cobre a longo prazo", afirmou Ecclefield. "Neste cenário, o crescimento da demanda se torna quase irrelevante."

Para contatar o editor responsável por esta notícia: Daniela Milanese, dmilanese@bloomberg.net