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Entrega de jatos executivos dispara em meio à freada econômica

Thomas Black

21/10/2019 12h55

(Bloomberg) -- Os jatinhos novos estão com tudo.

Aviões particulares capazes de voar mais rápido e percorrer distâncias mais longas estão por trás da disparada nas entregas de novos jatos corporativos por fabricantes como Gulfstream (pertencente à General Dynamic), Bombardier e Cessna (pertencente à Textron). Entre as inovações que embalam as vendas estão maior eficiência no uso de combustível, cabines mais silenciosas e cockpits equipados com sistemas de previsão meteorológica e redução de turbulência.

A entrega de aeronaves executivas deve aumentar 9% este ano para cerca de 690 unidades e chegar a 740 no próximo ano, de acordo com um relatório anual da Honeywell International, divulgado no domingo.

"Toda vez que temos uma onda de novos produtos chegando ao mercado, isso costuma ser positivo para a entrega total de jatos executivos", disse Gaetan Handfield, gerente sênior de análise de marketing da divisão aeroespacial da Honeywell. "É este o motivador agora."

O aumento das entregas coincide com a guerra comercial entre EUA e China, a iminente saída do Reino Unido da União Europeia e um momento delicado da economia global. A entrega de jatos particulares deve recuar um pouco em 2021, de acordo com o estudo da Honeywell, que é o levantamento mais amplo realizado junto a operadoras de aeronaves particulares para avaliar tendências de venda.

Enquanto isso, a ascensão atual é bem-vinda em uma indústria que movimenta US$ 20 bilhões e ainda não retornou aos níveis anteriores à recessão de 2008-2009, quando foi atingido o recorde de 1.300 aeronaves entregues. Jatos executivos foram alvo preferido quando as empresas se concentraram em cortar custos e usar o caixa para recomprar ações, em vez de renovar frotas.

O mercado recebeu um impulso em 2017, quando o governo americano aprovou uma nova isenção fiscal que permite baixa contábil imediata do custo total de um avião, incentivando a compra de jatos usados.

Mercado de aviões usadosA baixa disponibilidade de aviões usados desejáveis restringe as opções dos compradores e eleva a demanda e os preços no mercado de usados, explicou Steve Varsano, fundador da corretora The Jet Business. Na sede desta empresa em Londres, as reuniões acontecem dentro de uma fuselagem.

"Não vejo desaceleração no fluxo de negócios nem queda drástica nos preços desses aviões", afirmou ele.

Por sua vez, a escassez de jatos usados ajuda a sustentar a demanda por equipamentos novos.

A Bombardier aposta no Global 7500, o maior jato corporativo desenvolvido para fins específicos, que começou a chegar aos clientes em dezembro. Precisando de dinheiro em caixa, a empresa canadense logo começará a entregar as versões Global 5500 e 6500, que são basicamente modelos mais antigos com novas turbinas e tecnologias de cockpit.

A Gulfstream indicou que deve apresentar um novo design de aeronave nesta segunda-feira, durante uma convenção sobre jatos particulares em Las Vegas. O estreante seguiria outros dois novos aviões já em serviço, o G500 e o G600.

A suíça Pilatus Aircraft, famosa por monomotores turbo-hélice, começou a entregar jatos desse tipo no ano passado. E a Cessna começou as entregas este mês do Longitude, seu maior avião executivo até hoje.

No entanto, a instabilidade global já cobra seu preço. Proprietários nos EUA e Europa estão usando menos os jatos, segundo dados de decolagem e pouso dos órgãos reguladores da aviação. E algumas corretoras esperam diminuição das vendas de aeronaves usadas.