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Oferta da LVMH pela Tiffany coloca pressão sobre rivais

Robert Williams

29/10/2019 08h39

(Bloomberg) -- Como fabricante de produtos de luxo, como as bolsas Louis Vuitton, champanhe Dom Perignon e casacos de pele Fendi, o valor da LVMH está à altura, ultrapassando o mercado combinado de suas principais rivais e transformando o presidente da empresa, Bernard Arnault, no homem mais rico da Europa.

Agora, uma oferta de aquisição da Tiffany & Co. destaca ainda mais a potência de luxo em relação à concorrência. Em uma transação que seria a maior já realizada no setor, a LVMH, com sede em Paris, fez uma oferta de US$ 14,5 bilhões pelo controle da icônica joalheria dos EUA. A Tiffany está estudando a proposta.

Se bem-sucedido, o acordo representaria a concretização de vários objetivos de Arnault: equilibrar um portfólio que atualmente é mais voltado à moda, beleza e bebidas; aumentar o peso da LVMH no mercado dos EUA; e comprar uma das únicas marcas de luxo globais que ainda não estão sob controle familiar.

Para suas maiores rivais europeias - Kering e Richemont -, a última incursão da LVMH representa um dilema. Precisam decidir entre iniciar uma guerra de aquisições que pode corroer suas finanças ou recuar enquanto Arnault avança.

Um acordo com a Tiffany - que por gerações estabeleceu o padrão para os pedidos de casamento nos Estados Unidos - é atraente "por causa da escassez de alvos de aquisição em joias em escala global", disse o analista da RBC Rogerio Fujimori em nota aos clientes na segunda-feira. Relógios e joias são a única categoria de luxo em que a LVMH ainda não é líder, acrescentou Fujimori, "e sabemos que 'Mr. Arnault' gosta de ser sempre o número 1".

Embora LVMH e Tiffany tenham deixado claro que a oferta não vinculante está longe de ser um acordo fechado, os concorrentes da Arnault agora se perguntam se há uma maneira de responder por meio de um lance maior ou algum outro acordo transformacional. Não existem ativos disponíveis equivalentes ao que pode ser oferecido pela Tiffany, mas entrar em uma disputa com Arnault, sedento por negócios, corre o risco de se tornar uma cara disputa.

Rivais

A Richemont é dona da Cartier, a única grande marca de joias além da Tiffany, além de marcas de menos peso como Van Cleef & Arpels. Seria inaceitável perder a liderança na categoria, cujo rápido crescimento ajudou a compensar as oscilações de desempenho em marcas de relógios como Jaeger-LeCoultre nos últimos anos.

"Para a Richemont, é um problema", disse Flavio Cereda, analista do Jefferies em Londres. "Ou você compra Tiffany e se torna ultra-exposto em relógios e joias, ou não compra e, de repente, há um número 2 que pode, em alguns anos, te ultrapassar. Eles precisam pensar rápido sobre o que vão fazer."

O portfólio de joias da rival Kering, focada em moda, é mais de nicho: a compra da Tiffany pode proporcionar massa crítica para ajudar a impulsionar marcas que já controla, como a fabricante de anéis italiana Pomellato e a Boucheron, com sede em Paris. Também ajudaria a reduzir a dependência do grupo da grife Gucci, que respondeu por 75% do lucro no ano passado.

"Há valor na Tiffany, e é uma marca bem conhecida", disse Dana Telsey, da consultoria do setor de consumo Telsey Advisory Group. "Certamente poderia haver uma oferta concorrente, com a Tiffany voltando às discussões e negociações. Este é o ponto de partida, não o ponto final."

--Com a colaboração de Corinne Gretler, Thomas Mulier, Guy Johnson e Geraldine Amiel.

Para contatar o editor responsável por esta notícia: Daniela Milanese, dmilanese@bloomberg.net