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Ex-BNP pode fazer ponte entre Argentina e credores de títulos

Ben Bartenstein

31/10/2019 10h24

(Bloomberg) -- Um grupo de investidores está recorrendo a um dos nomes mais reconhecidos na subscrição de dívida argentina em busca de conselhos antes das negociações de reestruturação de mais de US$ 50 bilhões em títulos com o presidente eleito Alberto Fernández.

Marcelo Delmar, ex-chefe de mercado de capitais para a dívida da América Latina no BNP Paribas, tem prestado consultoria em recentes conversas por telefone com alguns dos maiores credores da Argentina, segundo pessoas a par do assunto. Embora um papel formal não tenha sido anunciado, Delmar renunciou a outras oportunidades citando seu compromisso com o trabalho na Argentina, disseram as pessoas.

O grupo de credores, que já reúne mais de 30 membros, tem discutido o assunto por telefone nos últimos meses para tentar criar uma frente comum antes das esperadas negociações. Esses fundos consideram Delmar um intermediário confiável e que entende Wall Street, mas também um rosto familiar para seus futuros negociadores em Buenos Aires.

Nascido em La Plata, Delmar estava na liderança de algumas das primeiras ofertas de títulos do país desde que a Argentina retornou aos mercados internacionais no início de 2016. O BNP ajudou a coordenar emissões de dívida para o governo bem como para as províncias de Buenos Aires, Chaco e Chubut. Delmar também ajudou o UBS na reestruturação da dívida argentina em 2005.

Delmar não quis comentar. Um porta-voz de Fernández disse que ninguém da campanha se encontrou com Delmar.

O papel informal de Delmar nas negociações preliminares sugere que alguns dos maiores investidores de títulos da Argentina desejam um tom mais conciliatório para evitar a repetição do drama jurídico de 15 anos que excluiu a segunda maior economia da América do Sul dos mercados globais entre 2001 e 2016. Fernández também expressou seu desejo de "reperfilar" a dívida de forma amigável, usando o default do Uruguai em 2003 como modelo. Ainda assim, muitos títulos soberanos da Argentina são negociados a meros 40 centavos de dólar, sugerindo que os investidores se preparam para grandes perdas.

--Com a colaboração de Patrick Gillespie.