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Para presidente do Fed de Atlanta, corte de juros pode esperar

Steve Matthews

08/11/2019 13h43

(Bloomberg) -- O presidente do Federal Reserve Bank de Atlanta, Raphael Bostic, disse que foi contra a redução da taxa de juros na semana passada porque os dois cortes anteriores já haviam proporcionado proteção contra os riscos globais. Para ele, o banco central dos EUA precisa guardar munição.

"Já havíamos tido uma boa quantidade de acomodação - já nos movemos duas vezes", disse Bostic na sexta-feira em entrevista à Bloomberg Television. Segundo ele, o Fed deveria ter mantido os juros para dar tempo de os cortes surtirem efeito.

Na semana passada, o Fed reduziu a taxa básica em 0,25 ponto percentual pela terceira vez este ano, para um intervalo entre 1,5% e 1,75%. Foram as primeiras reduções desde a crise financeira. As autoridades de política monetária citaram uma combinação de incerteza na política comercial, desaceleração do crescimento global e inflação abaixo da meta como justificativas para os cortes, que parcialmente eliminaram mais de 2 pontos percentuais de aumentos entre dezembro de 2015 a dezembro de 2018.

"Eu me preocupo muito com o espaço que temos" para a política monetária, disse Bostic. "Quando você pensa historicamente quais foram as respostas a uma recessão, não temos muito espaço. Quero assegurar que, quando implantarmos nossas ferramentas, elas sejam implantadas com o máximo efeito."

Bostic disse que se sentiria confortável em manter as taxas no nível atual por um período indeterminado. O presidente do Fed, Jerome Powell, disse em conferência de imprensa na semana passada que seria necessária "uma reavaliação material" do cenário para que o Fed ajuste as taxas novamente.

Permitir que a expansão econômica alcance as pessoas que foram deixadas para trás é especialmente importante, disse Bostic à Bloomberg TV na sexta-feira.

Os salários estão subindo para trabalhadores de baixa renda e a falta de mão de obra cria oportunidades para profissionais com menos chances, como ex-presidiários, disse, citando o rastreador salarial do Fed de Atlanta, que mostra maiores salários para pessoas que mudam de emprego.

--Com a colaboração de Matthew Boesler.

Para contatar o editor responsável por esta notícia: Daniela Milanese, dmilanese@bloomberg.net