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Análise: Mercado começa a aliviar tensão pós-Lula livre

Josue Leonel

11/11/2019 14h48

(Bloomberg) -- O dólar interrompe três dias de alta e o mercado começa a rever a tensão gerada pela libertação do ex-presidente Lula. Apesar dos sinais de aumento da polarização política no país, o ânimo do investidor se sustenta pela percepção de que a saída de Lula da prisão não vai paralisar as reformas, nem impedir que a economia tenha um maior crescimento em 2020.

"A volatilidade com o ex-presidente é de curtissimo prazo e o mercado segue se apoiando nos fatores econômicos", disse Jerson Zanlorenzi, responsável pela mesa de derivativos e ações do BTG Pactual Digital. Para ele, o mercado confia nas declarações dos presidentes da Câmara e Senado, Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre, em defesa das reformas.

A libertação de Lula traz de volta a polarização política, com boa parte da esquerda se reunindo em torno do ex-presidente, mas vai gerar mais ruído do que algo efetivo que impacte os preços dos ativos financeiros, diz Cristiano Oliveira, economista-chefe do banco Fibra. Segundo Oliveira, as reformas devem favorecer um crescimento maior, de 2% ou mais, no próximo ano, e a economia já deverá rodar neste ritmo maior neste último trimestre de 2019.

Com mais crescimento e as eleições de 2022 ainda distantes, Oliveira vê pouco risco de Lula conseguir ampliar a força da oposição a ponto de impedir as reformas. Além disso, a própria expansão econômica tende a manter elevado o capital político do governo. "Acredito que 2020 vai ser melhor em termos de crescimento. A oposição poderá ficar sem discurso."

"Num primeiro momento, os investidores ficaram receosos, mas gradualmente o mercado tende a se acalmar", diz Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho do Brasil. "Não vejo sinais de que a soltura do Lula possa prejudicar a agenda de reformas."