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Bolsonaro lança partido ultraconservador e armamentista

Simone Iglesias e Murilo Fagundes

21/11/2019 18h20

(Bloomberg) -- Depois de meses de brigas com dirigentes do PSL, partido pelo qual se elegeu presidente, Jair Bolsonaro se desfiliou e deu nesta quinta-feira o pontapé inicial para a criação da Aliança pelo Brasil, legenda com apelo religioso, conservador, armamentista, de oposição ao comunismo e socialismo e sem medo de se mostrar de extrema-direita, num país que transitou nas últimas três décadas entre a centro-direita e a centro-esquerda.

"Para mudar o destino do Brasil vi que tinha que buscar passagem bíblica João 8:32, que diz que a verdade tem que nos libertar", discursou o presidente brasileiro, em evento num hotel de Brasília que reuniu milhares de apoiadores.

Bolsonaro irá governar sem filiação partidária até que consiga superar toda a burocracia que envolve a criação de uma nova agremiação no Brasil, mesmo que no país existam hoje mais de 30 partidos.

Além dele, devem sair do PSL para fundar a Aliança o seu filho Flavio e mais 30 deputados federais. Bolsonaro rachou o PSL, que elegeu 53 deputados. Desde a eleição, no entanto, integrantes do PSL vêm brigando internamente por poder, cargos e recursos dos fundos partidários e eleitoral que sustentam as candidaturas a cada dois anos no Brasil.

Armas

Bolsonaro defendeu o "direito inalienável de possuir e portar armas", um dos pilares da futura nova legenda. O suporte a esta ideia foi reforçado pela apresentação de placa de 50 quilos que chamou atenção no evento: o símbolo do Aliança, formado por cerca de 4.000 cartuchos de bala de revólver.

Outro ponto central é o repúdio ao aborto, tratado no estatuto como o "assassinato deliberado de uma criança inocente".

Para fundar o partido, Bolsonaro e seus aliados precisam recolher cerca de 500 mil assinaturas de eleitores em pelo menos nove estados. Todas elas têm que ser validadas pela Justiça Eleitoral.

Os últimos partidos criados no Brasil com viabilidade eleitoral levaram em média oito meses para serem homologados. Bolsonaro pretende fundar a Aliança antes de março de 2020, para que possa participar das próximas eleições regionais no país, em outubro.