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Partido Conservador teme efeito Trump em eleições no Reino Unido

Timothy Ross

29/11/2019 17h15

(Bloomberg) -- Algumas horas no interior do Reino Unido na semana que vem pode ser o maior risco para Boris Johnson na reta final para as eleições.

O primeiro-ministro britânico interromperá sua campanha para receber os líderes da OTAN em um resort de luxo com campo de golfe e spa. Apesar do ambiente tranquilo, pessoas próximas a Johnson temem que o encontro no Grove Hotel, em Hertfordshire, resulte em um acidente que prejudique sua corrida ao poder.

O potencial catalisador para o cenário de pesadelo? Um aliado próximo de Johnson: Donald Trump.

Antes das eleições de 12 de dezembro, o presidente dos EUA ainda pode se tornar a arma mais perigosa do arsenal do líder da oposição britânico Jeremy Corbyn, cujo Partido Trabalhista pretende tirar os conservadores de Johnson do poder. O argumento de Corbyn é simples: Johnson e Trump são almas gêmeas da direita que coletivamente representam uma ameaça sem precedentes ao querido Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido (NHS, na sigla em inglês).

Se Johnson ganhar a maioria no Parlamento e concretizar a saída do Reino Unido da União Europeia, ele se apressará para fechar um acordo de livre comércio com os EUA, no qual o NHS estará à venda, diz Corbyn. Isso, afirma, levará a preços mais altos de medicamentos e arruinará para sempre a assistência médica gratuita que os britânicos esperam.

Apesar de os conservadores negarem que o NHS esteja no alvo de corte de gastos, é uma narrativa poderosa entre os eleitores - que incomoda a equipe de Johnson desde muito antes do início da campanha eleitoral. E, agora, Trump estará em carne e osso em solo britânico, apenas 10 dias antes da eleição.

Trump chega a Londres na segunda-feira. O presidente dos EUA será recebido pelos manifestantes anti-Trump de sempre, e Corbyn certamente aproveitará todas as fotos de Trump e Johnson, lado a lado.

Particularmente, porém, o que os conservadores mais temem é que Trump saia do roteiro. Uma autoridade confidenciou que esse era o maior risco enfrentado pela operação eleitoral. Não se pode confiar no presidente dos EUA na hora de evitar comentários inapropriados, disse a autoridade.