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Rússia e Peru têm pior classificação ESG entre emergentes

Áine Quinn

09/12/2019 07h04

(Bloomberg) -- Entre os principais mercados emergentes, a Rússia e o Peru correm maior risco de perder uma fatia dos mais de US$ 30 trilhões que rastreiam investimentos globais sustentáveis.

Apenas 5% das empresas na Rússia e 6% no Peru apresentam baixo risco de não atenderem aos os padrões ambientais, sociais e de governança (ESG, na sigla em inglês), segundo a empresa de dados Sustainalytics, que trabalha com 16 das 20 maiores gestoras de ativos do mundo.

A África do Sul e o Brasil, que possuem um número maior de empresas de consumo, registram a maior pontuação entre os maiores mercados emergentes, segundo os dados.

Em muitos mercados emergentes, empresas demoraram a se adaptar às crescentes demandas de investidores globais por evidências de que suas operações não estão causando danos sociais ou ambientais. Mais de 1,5 mil gestores de investimentos assinaram os Princípios para o Investimento Responsável das Nações Unidas, e o setor ESG agora é o segmento com crescimento mais rápido do mercado.

Uma razão para o baixo desempenho em alguns mercados emergentes é que o investimento em ESG é um "fenômeno relativamente novo" nos países em desenvolvimento, segundo Sergey Dergachev, gestor sênior da Union Investment, em Frankfurt. Isso significa que o setor tem enorme potencial de crescimento, acrescentou.

Já existem alguns sinais de que mudanças estão a caminho. Na Rússia, a maior operadora ferroviária vendeu o primeiro título de dívida verde internacional do país em maio, e a principal bolsa de valores criou índices de ações atrelados aos padrões ESG. O governo do Peru se prepara para emitir um título soberano verde, com o qual espera incentivar empresas a tentar compensar emissões de carbono.

A Sustainalytics acompanha 11 mil empresas de capital aberto no mundo todo e classifica o risco ESG entre insignificante e grave. Entre todos os mercados emergentes, o Paquistão foi o único país que teve pior pontuação do que a Rússia, com apenas 4% das empresas classificadas com baixo risco.

Empresas de países com boa pontuação tendem a ser mais transparentes e eficientes na publicação de dados ESG, segundo Diederik Timmer, responsável por relações com clientes da Sustainalytics.

A Rússia registra a pontuação mais baixa em governança em comparação com outros mercados emergentes, enquanto o Peru tem baixa classificação em termos de poluição do ar e acesso à água e saneamento, bem como direitos políticos, segundo a Sustainalytics.

"Algumas empresas na Rússia carecem de mecanismos internos pelos quais questões sociais e ambientais possam ser analisadas", disse Timmer. "Portanto, essas empresas normalmente têm alta exposição aos riscos ESG."

Para contatar o editor responsável por esta notícia: Daniela Milanese, dmilanese@bloomberg.net