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'Brexit duro' não pode ser descartado, diz ex-embaixador

Isabel Reynolds

12/12/2019 10h44

(Bloomberg) -- Um "Brexit duro" ainda não pode ser descartado, disse o ex-embaixador do Reino Unido para o Japão, em meio às eleições que podem determinar a saída do país da União Europeia.

Fabricantes japonesas como Toyota e Nissan, que há décadas investem no Reino Unido como porta de entrada para o mercado europeu, alertam para o estrago que seria causado por uma saída sem acordo.

"Existe a possibilidade de um Brexit sem acordo realmente acontecer", dependendo do resultado da eleição, disse Koji Tsuruoka à Bloomberg News em Tóquio, citando o prazo apertado para as negociações de um acordo comercial abrangente.

Tsuruoka assumiu o cargo de embaixador para o Reino Unido semanas antes do referendo da União Europeia, tendo atuado por mais de três anos antes de se aposentar no mês passado.

O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, e seu Partido Conservador prometeram deixar a UE até 31 de janeiro em um acordo provisório, o que daria ao governo menos de um ano para assinar e implementar um pacto comercial completo com o bloco até dezembro de 2020. A fase de transição pode ser prolongada em até dois anos se uma decisão for tomada em meados de 2020.

"Serão negociações muito, muito difíceis", disse Tsuruoka, que anteriormente liderava a equipe do Japão nas negociações da Parceria Transpacífica, à Bloomberg Television. "É um pouco ambicioso esperar concluí-lo dentro de alguns meses."

Acordos comerciais de qualquer tamanho geralmente demoram mais de seis meses para serem negociados, enquanto o processo de ratificação em países democráticos pode levar anos, disse Tsuruoka.

A Nissan, cuja fábrica de carros em Sunderland é a maior do país e que emprega diretamente 6,5 mil pessoas, disse em outubro que quaisquer tarifas sobre exportações de automóveis para a UE podem tornar inviáveis suas operações no Reino Unido. A Toyota disse que as linhas de produção podem parar e alertou para longos atrasos na fronteira caso não haja um acordo.

O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, ofereceu apoio à campanha do então primeiro-ministro David Cameron para permanecer na UE antes do referendo de 2016. Meses depois, o Japão divulgou uma carta aberta ao Reino Unido e à UE, pedindo previsibilidade no processo de negociações do Brexit em nome de aproximadamente mil empresas japonesas.

Em janeiro deste ano, Abe reiterou durante uma visita ao Reino Unido que o mundo quer evitar um Brexit sem acordo.

--Com a colaboração de Rishaad Salamat e Yvonne Man.

Para contatar o editor responsável por esta notícia: Daniela Milanese, dmilanese@bloomberg.net