De Trump a Bolsonaro: céticos despertam ativismo verde
(Bloomberg) -- Não é mais apenas um fenômeno Trump.
Em países como Estados Unidos, Brasil e Austrália, o ativismo ambiental de base avança onde os líderes são céticos sobre as mudanças climáticas. A iniciativa para envolver governos relutantes em agir contra a poluição causada por gases de efeito estufa atraiu um grupo de prefeitos, autoridades locais e até empresas.
O trabalho desses grupos está sendo exibido esta semana em Madri nas negociações sobre o clima da COP25, conferência organizada pelas Nações Unidas. Embora celebridades como Harrison Ford e a ativista estudantil Greta Thunberg sejam os defensores mais visíveis da tendência, centenas de autoridades locais estão ansiosas por fazer mais para proteger o planeta.
"Esta é uma das COPs onde vi a maior parte da liderança de subnacionais, incluindo estados, cidades, empresas e investidores", disse Helen Mounford, vice-presidente de clima e economia do World Resources Institute e veterana em tais eventos. "Essa é uma justaposição bastante forte ao que estamos vendo nos países."
Esse cenário contrasta com as observações do presidente dos EUA, Donald Trump, segundo o qual os dados científicos que mostram uma tendência de aquecimento da atmosfera da Terra são uma "farsa". O presidente Jair Bolsonaro manifestou dúvidas semelhantes, enquanto o primeiro-ministro australiano Scott Morrison foi acusado de não fazer o suficiente pelo meio ambiente. E a resposta em todos esses lugares foi estimular um movimento verde que pressiona por mais ação.
Ativistas nos EUA
Embora a delegação dos EUA na reunião de Madri tenha mantido um perfil discreto, uma coalizão de empresas e grupos de pressão formou a aliança "We are still in" (ainda estamos dentro). A delegação patrocinou um pavilhão e mais de uma dúzia de eventos para chamar a atenção para o trabalho abaixo do nível nacional no combate às emissões de combustíveis fósseis. O pré-candidato democrata à presidência dos EUA, Michael Bloomberg, proprietário da Bloomberg LP e da Bloomberg News, ajudou a financiar esse programa e é presidente do conselho do C40, um grupo de prefeitos preocupados com o assunto.
"Os prefeitos estão aceitando o desafio de frente", disse Agathe Cavicchioli, chefe de diplomacia das cidades do C40.
Queimadas na Amazônia
A resposta de Bolsonaro às queimadas na floresta amazônica - nos últimos meses, ele negou que existissem e depois culpou a mídia e até o ator Leonardo DiCaprio - estimulou uma reação dos estados. Uma delegação de governadores de cinco estados viajou para a conferência e realizou reuniões com autoridades da Colômbia, Peru, EUA, México e Indonésia.
Helder Barbalho, governador do estado do Pará, disse que a delegação foi a Madri para "afirmar o compromisso dos estados brasileiros com a agenda de preservar o equilíbrio climático, o meio ambiente e o Acordo de Paris".
Movimento verde na Austrália
"Não faltam maneiras de se conectar e todos estão aqui", disse Richie Merzian, diretor do programa de clima e energia do Instituto da Austrália. "A COP é ótima porque é como a conferência comercial sobre mudança climática. Você pode conhecer todos os interessados, se souber os lugares certos."
De volta à Austrália, Merzian planeja se reunir com autoridades locais na capital Canberra para informá-las sobre as reuniões que teve. Isso inclui conversas com autoridades de Samoa para encontrar maneiras de os governos locais da Austrália financiarem programas de mitigação nos países das ilhas do Pacífico.
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