Ataque contra Irã impõe clima de cautela nos mercados
(Bloomberg) -- O tom é de cautela nos mercados financeiros globais depois que um ataque aéreo dos Estados Unidos matou um importante comandante iraniano, o que alimenta a preocupação com a escalada das tensões.
Qassem Soleimani, um temido general iraniano que, por meio de milícias, estendeu o poder de seu país pelo Oriente Médio, foi morto sob a ordem do presidente dos EUA, Donald Trump. A fuga de ativos de risco se acentuou depois que o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, disse que uma "retaliação severa" aguardava os assassinos de Soleimani.
As tensões surgem depois de um ano brilhante para a maioria das classes de ativos em 2019: as ações dos EUA registraram um dos melhores anos da década passada.
Confira a opinião de alguns analistas e gestores de recursos sobre o que o conflito significa para os mercados:
Société Générale
Kit Juckes, estrategista-chefe de câmbio em Londres, diz que "o principal nível a ser observado é provavelmente o do euro/iene 120, que deve se manter a menos que haja uma nova escalada."
"Dada a possibilidade de persistir a tensão no Estreito de Ormuz, um período prolongado de preços mais altos do petróleo deve ser um risco."
Crédit Agricole
Valentin Marinov, chefe da pesquisa de câmbio G-10 em Londres, considera o momento da escalada "infeliz".
Isso poderia "frustrar as esperanças do mercado de uma recuperação da economia global que ainda deve emergir sob a nuvem da guerra comercial EUA-China. O sentimento de risco deve permanecer frágil também porque os bancos centrais podem demorar para responder ou simplesmente não têm mais o arsenal para responder de maneira adequada."
ING Groep
Antoine Bouvet, estrategista sênior de juros em Londres, destaca que "episódios recentes de tensões entre EUA e Irã não resultaram em uma escalada material, mas mesmo com um resultado bastante benigno para esta crise", a demanda por títulos do Tesouro dos EUA e bunds alemães deve durar "pelo menos até a próxima semana".
Colombo Wealth
Alberto Tocchio, diretor de investimentos em Lugano, na Suíça, destaca que a ameaça de "retaliação severa" possivelmente é o que está assustando os mercados, "pois pode significar que haverá um contra-ataque direcionado a diplomatas americanos. Os mercados poderiam usar essa desculpa para realizar um pouco de lucro".
"Usaríamos a possível fraqueza para aumentar nossa exposição a ações", disse Tocchio.
Saxo Capital Markets
Kay Van-Petersen, estrategista macro global em Cingapura, destaca que, devido às festas de fim de ano, as mesas de trading só voltarão à atividade normal entre a semana que vem e meados de janeiro, "portanto, a falta de liquidez pode causar uma reação exagerada do lado negativo. Ainda assim, vamos ver como as próximas 24 a 48 horas se desenrolam. Já é fim de semana no Oriente Médio."
Covenant Capital
Edward Lim, gestor de recursos em Cingapura, avalia que o ataque dos EUA "apenas destaca o risco geopolítico dos mercados de petróleo".
"Não fizemos nada depois da notícia, pois já havíamos comprado algumas ações de petróleo, como CNOOC e Total" quando a cotação era negociada perto de US$ 60 no fim de 2019, disse Lim.
--Com a colaboração de Jeanny Yu, Subhadip Sircar, Hooyeon Kim, Cindy Wang, James Hirai, Anooja Debnath e Ruth Liew.
Repórteres da matéria original: Joanna Ossinger Singapore, jossinger@bloomberg.net;Ksenia Galouchko em Moscow, kgalouchko1@bloomberg.net
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