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Preço recorde de etanol do Brasil pode cair com boa colheita

Fabiana Batista e Brian K. Sullivan

06/01/2020 10h18

(Bloomberg) -- Os preços do etanol, que subiram para nível recorde no Brasil, podem desacelerar até o fim do trimestre diante da previsão de condições favoráveis para o início da colheita de cana-de-açúcar do país.

"A primeira quinzena de abril pode ser mais seca, e o final do mês mais úmido", disse em entrevista por telefone Ludmila Camparotto, meteorologista da Rural Clima, em Valinhos. "No final, a precipitação pode se igualar ou ficar um pouco abaixo da média, favorecendo a colheita de cana."

A maioria das usinas da região Centro-Sul encerrou o esmagamento de cana em meados de dezembro. Assim, até o início da nova colheita em 1º de abril, o mercado doméstico será abastecido por estoques. Ao mesmo tempo, com a gasolina mais cara, motoristas que utilizam carros flex aproveitam o etanol mais barato e puxam a demanda.

Até o fim de março, os estoques do etanol hidratado, usado diretamente no motor dos veículos flex-fuel, podem cair para apenas 400 milhões de litros, o nível mais baixo em sete anos, segundo Bruno Lima, chefe para açúcar da INTL FCStone. Com o aperto entre oferta e demanda, os preços do etanol brasileiro acumulam alta de 19% desde julho, criando uma desvantagem em relação ao biocombustível dos EUA, feito à base de milho, mesmo com o imposto de 20% sobre as importações.

Mas a tendência deve mudar se a temporada de cana-de-açúcar começar com um clima favorável à colheita, segundo Lima. A questão para os preços "será o clima em abril", disse Lima em entrevista por telefone.

Regiões do interior de São Paulo devem receber menos chuvas do que o normal em março e abril, já que as águas mornas do Pacífico e do Atlântico criam condições mais secas, disse Joel Widenor, meteorologista do Commodity Weather Group, em Bethesda, Maryland.

Com o clima mais seco, os agricultores têm mais facilidade para entrar nas plantações e fazer a colheita. Don Keeney, meteorologista agrícola sênior da Maxar em Gaithersburg, Maryland, concorda. As chuvas podem ficar 90% abaixo do normal nesses dois meses, disse por e-mail.

Para contatar o editor responsável por esta notícia: Daniela Milanese, dmilanese@bloomberg.net

Repórteres da matéria original: Fabiana Batista em Sao Paulo, fbatista6@bloomberg.net;Brian K. Sullivan em Boston, bsullivan10@bloomberg.net