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Equinor adota táticas de sobrevivência em mudança climática

Mikael Holter

07/01/2020 13h48

(Bloomberg) -- A maior produtora de petróleo da Noruega, país que lidera a exportação da commodity na Europa Ocidental, quer reduzir drasticamente sua pegada de carbono.

A Equinor, com sede na cidade norueguesa de Stavanger, na orla do Mar do Norte, tenta adaptar seu modelo de negócios a um mundo cada vez mais alarmado com as consequências da mudança climática.

Eldar Saetre, presidente da Equinor, explica de maneira simples. "A questão mais importante para nós, como empresa e como indústria - e também para a Noruega como nação -, é esta: como permanecemos relevantes e competitivos?"

A Equinor, controlada pelo estado norueguês, acaba de lançar os objetivos climáticos mais ambiciosos de sua história. A ideia é deixar as instalações de petróleo e gás praticamente livres de emissões até 2050.

"Isso não é política, é negócio", disse Saetre a repórteres em Oslo na segunda-feira.

A Equinor, ex-Statoil, aposta que menores emissões na fase de produção podem manter a empresa competitiva. E, com aproximadamente 25% do total de emissões da Noruega geradas pela Equinor, qualquer redução feita pela empresa representaria uma diferença significativa para todo o país.

Certamente, as emissões causadas durante a produção representam apenas uma pequena fração do total ao longo do ciclo de vida de um barril de petróleo. E outras petroleiras traçaram metas mais ambiciosas. A espanhola Repsol disse no mês passado que cortaria todas as emissões até 2050, incluindo os produtos que vende, em oposição à Equinor.

Debate político

Na Noruega, que se tornou um dos países mais ricos do mundo graças às vastas reservas de petróleo, descobrir como se adaptar à mudança climática se torna um assunto cada vez mais difícil. O fundo soberano do país, de US$ 1,1 trilhão (chamado localmente de fundo do petróleo), tenta se livrar de ações de combustíveis fósseis. Mas a Noruega até agora se mostrou incapaz de se desvincular do petróleo.

As demandas de ativistas e de alguns políticos para uma data final para a produção de petróleo agora são mais frequentes. Enquanto isso, a incerteza sobre parâmetros-chave, como impostos do setor, aumentou.

A Equinor destacou que os cortes de emissões dependem de condições estáveis da estrutura regulatória. Em entrevista, Saetre disse que espera que os passos da Equinor "fortaleçam e tornem mais forte o apoio político que a indústria desfruta".

A Equinor e parceiros planejam investir cerca de 50 bilhões de coroas (US$ 5,7 bilhões) para atingir a primeira meta de reduzir as emissões em 40% até 2030. O objetivo será alcançado conectando principalmente plataformas offshore e unidades em terra à rede elétrica da Noruega, onde predomina a geração de energia hidrelétrica limpa. As reduções atingirão 70% em 2040 e quase 100% até 2050.

Embora o investimento necessário para realizar a transição para energia limpa na fase de produção tenha um "valor presente líquido neutro a positivo", Saetre disse que a expectativa é que a Equinor se torne mais competitiva em termos de custo ao longo do tempo, com o aumento dos preços do carbono.

Para contatar o editor responsável por esta notícia: Daniela Milanese, dmilanese@bloomberg.net