Nova era promete enxurrada de petróleo em mercado já saturado
(Bloomberg) -- As petroleiras globais mais ambiciosas estão abrindo uma nova fronteira de exploração, mas, talvez, no pior momento possível.
Com uma série de grandes descobertas na costa nordeste da América do Sul, Exxon Mobil, Hess, Apache e seus parceiros devem injetar nova oferta em mercados globais cada vez mais inundados de petróleo.
A Apache é a mais nova petroleira dos Estados Unidos a surpreender investidores com uma descoberta importante em águas costeiras próximas à fronteira entre o Suriname e a Guiana. A empresa com sede em Houston pode ter sentido que algo grande estava por vir quando fechou uma parceria com a francesa Total no empreendimento poucas semanas antes do anúncio de terça-feira. As ações da Apache subiram 27% no maior ganho diário em pelo menos 40 anos.
"É bastante impressionante quando analisamos o cenário mais amplo em que esses novas ofertas entrarão em operação", disse Gianna Bern, ex-trader de petróleo da BP que ensina finanças na Universidade de Notre Dame. "Ao mesmo tempo, a Apache e empresas desse porte tendem a assumir preços muito baixos antes do desenvolvimento" para que o modelo de negócios seja favorável, independentemente das flutuações do mercado.
Embora possa levar anos até que a descoberta do Suriname entre em operação, ela ocorre no momento em que os operadores já estão se preparando para o maior fluxo vindo de produtores fora da Opep em pelo menos 15 anos, segundo a JBC Energy.
O rali das ações da Apache é um voto de confiança dos acionistas de que a equipe do CEO John Christmann pode bombear esse petróleo a um custo tão baixo que a empresa terá lucro mesmo que o petróleo caia para US$ 30 ou US$ 25 por barril, disse Bern.
No ano passado, a Hess foi beneficiada por esse tipo de boom quando os investidores correram para comprar as ações da empresa, que subiram 65% por causa do papel da produtora de petróleo como parceira júnior nas surpreendentes descobertas da Exxon Mobil na Guiana.
Guiana e Suriname não estão sozinhos. Novos suprimentos estão fluindo, ou fluirão em breve, de novos poços na Noruega, Canadá, México, Brasil e Colômbia, disse Bern. Só o Brasil deve acrescentar de 200 mil a 300 mil barris por dia este ano, e apenas o gás de xisto dos EUA deve se expandir a uma taxa mais rápida, disse Fernando Valle, analista da Bloomberg Intelligence.
Fora da Opep, a produção de petróleo e derivados aumentará em 2 milhões de barris por dia neste ano, superando a previsão de crescimento de 1,2 milhão de barris, de acordo com a IHS Markit.
Somente o Brasil e a Guiana devem adicionar mais de 400 mil barris diários combinados ao mercado em 2020, um volume que compensaria a maioria dos cortes acertados pela Opep e aliados no fim de 2019, disse Stephen Beck, diretor sênior de upstream da Stratas Advisors, com sede em Houston.
"Estamos em uma situação em que, desde 2013, muita oferta está correndo atrás de muito pouca demanda", disse Jim Burkhard, vice-presidente e diretor de mercado de petróleo da IHS, acrescentando que 2020 deve repetir a tendência.
--Com a colaboração de Kevin Crowley, David Wethe e Rachel Adams-Heard.
Para contatar o editor responsável por esta notícia: Daniela Milanese, dmilanese@bloomberg.net
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