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Demanda por títulos emergentes indica apetite por risco em alta

Sydney Maki

09/01/2020 16h16

(Bloomberg) -- Enquanto as manchetes são dominadas por assassinatos e ataques com foguetes no Oriente Médio, investidores correm para comprar uma pilha de títulos de mercados emergentes este ano com retornos cada vez menores. A aversão ao risco parece ser coisa de 2019.

As expectativas de um acordo comercial EUA-China, mesmo que parcial, e a busca por retorno impulsionam a demanda em meio à enxurrada títulos soberanos e dívida privada em oferta este ano, disse Ilya Gofshteyn, estrategista do Standard Chartered, em Nova York.

"Os investidores estão dispostos a ir além da curva de risco agora que as tensões comerciais EUA-China parecem estar diminuindo", disse Gofshteyn em entrevista. Sem grandes surpresas, a "busca pela dinâmica do rendimento continuará a dominar".

Indonésia, Israel, a gigante de cobre do Chile Codelco e o México lideraram a fila de emissores de emergentes enquanto os EUA e a China se preparam para assinar um acordo comercial em 15 de janeiro, impulsionando as perspectivas de crescimento global. O México pagou significativamente menos do que havia previsto em uma emissão de US$ 2,3 bilhões no início desta semana, mesmo diante da tensão EUA-Irã no Oriente Médio.

Governos e empresas de mercados emergentes venderam US$ 37,4 bilhões nos mercados globais de dívida nos primeiros oito dias de 2020, um aumento de 123% em volume em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo dados compilados pela Bloomberg. Somente instituições financeiras e governos foram responsáveis por quase 75% dos títulos vendidos de 1º a 8 de janeiro, mostram os dados.

Ainda assim, spreads de crédito e juros locais mais baixos provavelmente tornarão investidores mais exigentes em 2020, segundo Elina Ribakova, economista-chefe adjunta do Instituto de Finanças Internacionais, com sede em Washington.

"As preocupações geopolíticas continuarão sendo importantes para os fluxos de capital, particularmente no Oriente Médio, mas também na América Latina e, possivelmente, na Rússia, no contexto das eleições nos Estados Unidos", escreveu Ribakova em nota.

Para contatar o editor responsável por esta notícia: Daniela Milanese, dmilanese@bloomberg.net