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El Niño continua adormecido mesmo com aquecimento do Pacífico

Brian K. Sullivan

09/01/2020 14h56

(Bloomberg) -- O Oceano Pacífico ficou mais quente, mas não o suficiente para ativar um El Niño que poderia afetar plantações na América Latina, Ásia e África. As chances de uma mudança são de cerca de 30%.

"É algo que estamos de olho, mas não estamos preocupados", disse Michelle L'Heureux, meteorologista para EUA do Centro de Previsão Climática em College Park, Maryland.

Ainda assim, as previsões tornam-se mais difíceis no período de março, abril e maio, o qual meteorologistas chamam de "barreira da primavera".Se o El Niño surgir nesses meses, coincidiria com o período em que as culturas do hemisfério sul estão amadurecendo e sendo colhidas. No passado, fortes passagens do El Niño reduziram a colheita de cacau e café na Ásia e na África com a seca, causaram estiagem e calor no Brasil e inundaram a Argentina.O Brasil já sofre com a falta de chuvas em algumas regiões produtoras de milho e soja.

A superfície do Pacífico registra calor suficiente para quase atender aos critérios de um El Niño, mas a atmosfera acima dela não reagiu, disse L'Heureux por telefone. A corrente de jato e certos padrões climáticos globais precisam reagir para que os EUA declararem a ocorrência de um El Niño em andamento.

Uniformemente quente

A falta de atividade na atmosfera pode ser explicada porque a superfície do Pacífico está uniformemente quente. Para criar o tipo de tempestade e provocar uma reação da atmosfera, é preciso haver um gradiente entre as partes quentes e frias do oceano, disse L'Heureux.Outro fator é que o dipolo do Oceano Índico, um fenômeno semelhante ao El Niño naquela bacia, permaneceu forte até recentemente. O dipolo é parcialmente responsável pelas condições quentes e secas que alimentaram incêndios na Austrália desde outubro.Nas últimas semanas, o dipolo quebrou "rapidamente" e houve um aumento das fortes chuvas na Indonésia, sinais de que padrões globais mais amplos podem estar se deslocando, disse. "Parece que as coisas estão mudando", disse L'Heureux. "Vamos ver."

Para contatar o editor responsável por esta notícia: Daniela Milanese, dmilanese@bloomberg.net