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Seca no RS reduz oferta de milho e afeta produtores de carne

Lavoura de milho -
Lavoura de milho

Tatiana Freitas

09/01/2020 11h43

O clima seco atípico neste verão no sul do Brasil deve aumentar as importações de milho do país e afetar a indústria de carne.

No mês passado, a INTL FCStone havia projetado que a produção de milho primeira safra no Rio Grande do Sul, um importante estado produtor, somaria 6 milhões de toneladas. Agora, a empresa estima 4,8 milhões de toneladas devido ao impacto de temperaturas acima da média e da falta de chuvas.

Se confirmado, o volume representaria queda de 17% em relação à temporada anterior, o que pode vir a ser um problema para o setor de carnes brasileiro diante dos baixos estoques de grãos para ração. A região Sul responde por mais da metade da produção de carne de frango e suína do país.

"Existe um alerta sobre a possibilidade de escassez de milho e alta dos preços do grão nos próximos meses", disse Ana Luiza Lodi, analista da INTL FCStone. O clima desfavorável no Sul do Brasil pode reduzir a produção de milho de verão do país em 3,4% nesta safra, segundo a empresa.

O Brasil normalmente importa cerca de 1 milhão de toneladas de milho por ano. Esse volume poderia potencialmente mais do que dobrar para 2,5 milhões de toneladas em 2020, de acordo com Paulo Molinari, analista da consultoria Safras & Mercado.

Embora o Paraguai normalmente seja o principal fornecedor, o Brasil também poderia recorrer à Argentina para aumentar o volume de importações, disse. No mês passado, a gigante de carnes JBS afirmou que estava negociando um acordo para comprar 200 mil toneladas de milho argentino.

Com a perspectiva de oferta mais apertada, os preços domésticos do milho subiram 34% desde setembro, enfraquecendo expectativas de margens mais altas no setor de carnes devido à maior demanda em meio ao caos causado pelo vírus da peste suína africana. A ração é responsável pela maior parte dos custos na produção de frango, e a valorização do milho compensou os aumentos de preços da carne.

É provável que os preços do milho permaneçam altos até a colheita da safrinha de milho, a maior do Brasil, no segundo semestre do ano. O cenário para essa safra ainda não está claro.