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Petróleo pode cair US$ 3 com impacto de coronavírus, diz Goldman

Sharon Cho

22/01/2020 12h38

(Bloomberg) -- Se a epidemia da Síndrome Respiratória Aguda Grave de 2003 servir de guia, mercados de petróleo podem ser impactados pelo coronavírus da China, sendo o combustível de aviação o mais afetado, segundo o Goldman Sachs.

O vírus respiratório, que se originou na cidade de Wuhan, poderia causar uma queda da demanda global de 260 mil barris por dia em 2020. O combustível de aviação responderia por mais de 65% da baixa, disse o Goldman em relatório. A menor demanda provavelmente levaria a cotação do petróleo a cair em US$ 2,90 o barril. As projeções do banco refletem o impacto estimado na demanda causado pela SARS em volumes de 2020.

O coronavírus causa nervosismo nos mercados financeiros, especialmente porque se propaga quando centenas de milhões de chineses se preparam para viajar pela China e ao exterior para as festas do Ano Novo Lunar. O possível impacto traz outro curinga aos mercados de petróleo, já afetados este ano pela tensão no Oriente Médio e no norte da África.

"Embora uma resposta de oferta da Opep possa limitar o impacto fundamental de um choque da demanda, a incerteza inicial sobre o escopo potencial da epidemia pode levar a uma onda de vendas maior do que os fundamentos sugerem", disseram Damien Courvalin e Callum Bruce, analistas do Goldman.

A volatilidade do preço do petróleo pode aumentar nas próximas semanas, embora o Goldman ainda veja um atraso sustentado no preço do barril Brent este ano, já que o impacto total nos fundamentos ainda é limitado. A preocupação com o impacto do vírus sobre a demanda de petróleo, no entanto, deve amenizar o receio sobre os cortes no fornecimento na Líbia, Irã e Iraque.

Durante a SARS, os preços de combustível de aviação de Cingapura caíram em relação a outras regiões. A Associação Internacional de Transporte Aéreo estimou uma queda de 8% no tráfego anual de companhias aéreas asiáticas durante o surto da SARS, enquanto operadoras dos EUA sofreram uma baixa menor.

Autoridades de saúde do mundo todo tentam medir o perigo do novo vírus SARS, com o primeiro diagnóstico registrado nos EUA. A China registra um total de 440 casos, com nove mortos.

O impacto real na demanda global de petróleo dependerá da rapidez com que o coronavírus se espalhar para outras regiões e do nível de contágio, segundo analistas. Uma resposta rápida e agressiva das autoridades chinesas também pode diminuir a incerteza e o impacto negativo na economia, acrescentaram.

Para contatar o editor responsável por esta notícia: Daniela Milanese, dmilanese@bloomberg.net