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'Vergonha de voar' pode acabar com querosene verde feito de água

William Wilkes

30/01/2020 14h46

(Bloomberg) -- A solução para a chamada "vergonha de voar" pode depender de uma versão modernizada de um combustível de aviação sintético aperfeiçoado pela Luftwaffe, força aérea de Adolf Hitler.

Cientistas alemães e líderes empresariais desenvolvem um projeto para criar o que eles esperam seja o primeiro mercado viável para uma versão neutra em carbono do querosene que já move as aeronaves mais modernas.

A ciência ainda se baseia em reações químicas pioneiras na Alemanha em 1925, mas, em vez de converter carvão e outros combustíveis fósseis, como faziam os nazistas sedentos de petróleo durante a Segunda Guerra Mundial, o querosene verde é derivado da água e extrai o dióxido de carbono do ar durante o processo.

O processo, que exige grandes quantidades de eletricidade gerada a partir de recursos renováveis para garantir a neutralidade do carbono, decompõe a água em oxigênio e hidrogênio, para a posterior combinação com o carbono.

O projeto está sendo supervisionado pela Universidade de Bremen, em uma estratégia de pesquisa público-privada 100% alemã que anteriormente criou o MP3. O sistema alemão, que os EUA estão tentando imitar, visa produzir os combustíveis verdes necessários para setores da economia como aviação e aquecimento, que dependem muito das importações de petróleo.

"O combustível sintético é a única visão atual para realmente se tornar neutro em CO2 no futuro concebível", disse Carsten Spohr, diretor-presidente da Deutsche Lufthansa, em conferência sobre aviação sustentável na capital alemã em novembro.

Embora o querosene verde libere carbono quando queimado, o processo é neutro porque recicla gases de efeito estufa do ar e não exige que mais combustíveis fósseis sejam retirados do solo.

A companhia alemã, que trabalha com o consórcio, espera que em cinco anos o querosene verde responda por 5% do combustível usado pela empresa. O querosene não fóssil está sendo produzido na refinaria de petróleo Heide, do Klesch Group, perto do Mar do Norte, usando energia renovável fornecida por parques eólicos locais.

Outros países, como Canadá e EUA, já estão implantando a tecnologia Power-X para capturar dióxido de carbono e armazená-lo no subsolo, mas até agora apenas com modelos de prova de conceito muito pequenos para fazer diferença notável na batalha contra a mudança climática.

Para contatar o editor responsável por esta notícia: Daniela Milanese, dmilanese@bloomberg.net