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Gurus do mercado avaliam nova era do pós-Brexit

Greg Ritchie, Ksenia Galouchko e Anchalee Worrachate

31/01/2020 15h57

(Bloomberg) -- E assim, chega ao fim a era na qual traders se deparavam com sessões noturnas no Parlamento britânico, com a volatilidade épica da libra e com o vaivém dos fluxos de capital a cada reviravolta da saga do Brexit.

À meia-noite desta sexta-feira, hora de Bruxelas, uma nova realidade se aproxima dos ativos do Reino Unido, com o fim de anos de aguda incerteza política.

Agora, vem a parte difícil. O futuro do país no comércio global está em jogo, levantando questões existenciais sobre risco soberano, ganhos corporativos, avaliações de mercado e muito mais.

A Bloomberg conversou com gurus do mercado sobre algumas questões enfrentadas pelas empresas no momento.

Como será o Reino Unido depois do Brexit?

Stephen Jen, CEO da Eurizon Slj Capital:

O Reino Unido provavelmente enfrentará um efeito de "Curva J" após o Brexit, com desafios pela frente antes de decolar.

O mundo passa por choques perturbadores que exigem que os países se reinventem e se mantenham competitivos. Existe uma grande margem de manobra para o Reino Unido conseguir isso fora da União Europeia, uma vez que terá um maior grau de liberdade. Já é o número três ao lado dos Estados Unidos e da China em termos de inovações tecnológicas como inteligência artificial, biomedicina e robótica. Há uma boa oportunidade de que o país possa dar um salto em relação a seus concorrentes. Não acho imaginação que o Reino Unido possa ter um futuro emocionante.

Como investidor, eu não focaria no status de negociação de várias partes ou em ocorrências trimestrais, mas na visão de longo prazo do governo do Reino Unido. Agora, estamos falando de um conjunto diferente de considerações - estruturais, estratégicas, prospectivas, institucionais. Pense na "abenômica" (em referência às políticas do primeiro-ministro japonês Shinzo Abe). Pense na visão Cingapura. O governo terá que colocar o país em um caminho muito diferente do anterior.

Como descreveria o impacto do Brexit na confiança de investidores estrangeiros?

Oliver Harvey, estrategista macro do Deutsche Bank:

Não é difícil encontrar evidências de que o Brexit pode prejudicar a atratividade do Reino Unido como destino de investimento. Nos dez trimestres antes de o Reino Unido acionar o artigo 50 em março de 2017, o país atraiu mais de 300 bilhões de libras de entradas de investimento estrangeiro direto. Nos dez trimestres desde então, houve saídas de 40 bilhões. A demanda por ações do Reino Unido também tem sido anêmica, com o FTSE 100 com desempenho abaixo do S&P 500, Eurostoxx e Nikkei desde junho de 2016.