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Huawei aposta em startups europeias para garantir fornecedores

Helene Fouquet e Giles Turner

31/01/2020 13h22

(Bloomberg) -- A Huawei Technologies avalia investir em startups europeias de tecnologia e contribuir com pesquisas em uma tentativa de proteger sua cadeia de fornecedores em meio ao aumento das tensões com os Estados Unidos, disseram pessoas com conhecimento do assunto.

Nas últimas semanas de 2019, executivos da Huawei visitaram startups e empresas de capital de risco em países como Alemanha e França, disseram as fontes. As empresas teriam conversado sobre parcerias de negócios e possíveis injeções de capital em troca de participações acionárias, disseram as pessoas, que não quiseram ser identificadas.

Nenhuma decisão final foi tomada, e a Huawei pode decidir não fazer investimentos, disseram as pessoas. Um porta-voz da Huawei não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

A Huawei adotou rapidamente uma estratégia de autossuficiência, já que as sanções dos EUA puseram em risco uma cadeia de fornecedores global cuidadosamente orquestrada. O presidente dos EUA, Donald Trump, tem repetidamente criticado a China e suas empresas, incluindo a Huawei, citando espionagem industrial, segurança nacional e roubo de propriedade intelectual. Trump limitou o acesso da Huawei ao mercado e fornecedores dos EUA, enquanto pressionava aliados do Japão à Holanda para que reconsiderassem suas políticas em relação ao gigante asiático.

A empresa tem manifestado publicamente seu desejo de trabalhar em estreita colaboração com pesquisadores da Europa. Mas qualquer expansão do investimento pode sofrer escrutínio. Esta semana, o Reino Unido revelou proibições parciais para equipamentos da Huawei em redes 5G de alta velocidade. E a Orange, o antigo monopólio de telecomunicações francês, disse na sexta-feira que excluiria a Huawei de sua futura infraestrutura sem fio.

Ainda assim, a Huawei já acumula pequenos investimentos na Europa. Em 2014, a empresa chinesa fez seu primeiro investimento no Reino Unido, comprando uma participação na fabricante de semicondutores XMOS. Em 2010, o grupo belga de tecnologia sem fio Option vendeu a empresa de semicondutores M4S para a Huawei por 8 milhões de euros (US$ 8,9 milhões).

A empresa chinesa também disse que oferecerá 20 milhões de libras (US$ 26 milhões) a desenvolvedores de aplicativos britânicos para incentivá-los a programar software para sua plataforma de smartphones interna, a HarmonyOS. O investimento faz parte de um programa global de desenvolvedores de US$ 1,5 bilhão anunciado no ano passado.

A Huawei também aposta em seu braço de pesquisa e desenvolvimento europeu depois de decidir em novembro transferir sua divisão de pesquisa dos EUA para o Canadá. Atualmente, a empresa constrói um novo laboratório em Cambridge - um centro de tecnologia do Reino Unido - que empregaria 350 funcionários.

--Com a colaboração de Nate Lanxon.

Para contatar o editor responsável por esta notícia: Daniela Milanese, dmilanese@bloomberg.net

Repórteres da matéria original: Helene Fouquet em Paris, hfouquet1@bloomberg.net;Giles Turner em Londres, gturner35@bloomberg.net