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'Superbond' esfria mercado imobiliário mais aquecido do mundo

Zoltán Simon

04/02/2020 15h42

(Bloomberg) -- Apelidada de "superbond", uma iniciativa do governo da Hungria está esfriando o mercado imobiliário mais aquecido do mundo.

O instrumento de dívida garantido pelo governo, oficialmente chamado MAP+, paga em média quase 5% ao ano e foi implementado para reduzir a dependência de investidores estrangeiros que agravaram crises passadas ao fugir ao primeiro sinal de crise econômica.

Com taxas de juros reais abaixo de zero, a adesão ao MAP+ - que é vendido exclusivamente para famílias e isento de impostos - tem sido forte: US$ 10,5 bilhões foram investidos desde o lançamento em junho passado.

Isso desviou recursos do setor imobiliário no momento em que os preços no mercado residencial de Budapeste subiam mais do que em qualquer outro lugar do planeta, segundo a Knight Frank.

"O MAP+ teve um grande impacto no mercado imobiliário", disse Karoly Benedikt, chefe de pesquisa da Duna House, uma das maiores corretoras de imóveis da Hungria. "Antes do MAP+, simplesmente não havia alternativa ao investimento imobiliário."

Não demorou muito para que o efeito do título fosse sentido. Os negócios com propriedades de varejo caíram 56% no terceiro trimestre de 2019 na comparação anual, o primeiro período em que os húngaros poderiam investir no MAP+. O índice de preços de moradias do país registrou a primeira queda trimestral desde pelo menos 2015 no mesmo período.

Alguns podem comemorar a desaceleração. Os preços dos imóveis na Hungria deram um salto de 60% nos últimos quatro anos, o maior ganho da União Europeia. O ministro das Finanças, Mihaly Varga, descreveu um mercado "bolha", enquanto o presidente do banco central, Gyorgy Matolcsy, instou a revisão do que ele chama de política nacional de habitação fracassada.

E não é apenas o "superbond" o culpado, de acordo com Benedikt, da Duna House, que aponta para uma absorção mais lenta do que o esperado dos subsídios estatais, prevendo uma estagnação do mercado em 2020.

Há também muitos sinais de que o setor imobiliário pode decolar novamente.

Os salários médios cresceram mais de 10% pelo terceiro ano em 2019, e o governo avalia medidas adicionais para ajudar famílias a comprarem imóveis. Enquanto isso, os preços dos imóveis permanecem mais altos nas vizinhas República Checa e Polônia, indicando espaço para mais valorização.

Para contatar o editor responsável por esta notícia: Daniela Milanese, dmilanese@bloomberg.net