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Demanda global por petróleo deve cair pela 1ª vez em uma década

Grant Smith

13/02/2020 07h53

(Bloomberg) -- A demanda global por petróleo deve cair pela primeira vez em mais de uma década neste trimestre devido ao impacto do surto de coronavírus sobre a economia da China, informou a Agência Internacional de Energia.

As novas estimativas mostram que os mercados de petróleo enfrentam um excedente significativo, apesar dos últimos cortes de produção da Opep e parceiros. A cotação do petróleo já caiu para menos de US$ 50 o barril na semana passada, o menor nível em um ano, e o impacto da epidemia será sentido ao longo do ano, disse a agência.

"A demanda foi duramente afetada pelo novo coronavírus e pela paralisação generalizada da economia da China", afirmou a AIE, com sede em Paris. "A crise está em andamento e, nesta fase, é difícil ser preciso sobre o impacto."

O consumo mundial de combustíveis - cuja estimativa anterior apontava crescimento de 800 mil barris por dia durante o período de três meses, na comparação anual - deve encolher em 435 mil barris por dia, informou a AIE em seu relatório mensal do mercado de petróleo.

Para 2020 como um todo, o vírus reduzirá o crescimento anual do consumo global em cerca de 30%, para 825 mil barris por dia, o menor nível desde 2011. Os efeitos serão mais significativos do que os causados pela epidemia SARS em 2003, devido à crescente importância e integração da China na economia mundial.

O surto fechou empresas e colocou dezenas de milhões de pessoas em quarentena na China, o maior importador de petróleo do mundo. O país respondeu por cerca de 75% do crescimento da demanda por petróleo do ano passado, de acordo com a AIE, que assessora a maioria das principais economias.

Os contratos futuros de petróleo nos EUA acumulam queda de 17% este ano, e operadores avaliam o impacto da epidemia. É improvável que consumidores se beneficiem da queda dos preços dos combustíveis porque a doença causará danos à economia em geral, afirmou a AIE.

Cortes da Opep+

O surto levou a Arábia Saudita, o maior exportador de petróleo do mundo, a pressionar aliados na Organização dos Países Exportadores de Petróleo e outras nações a considerarem uma reunião de emergência e mais cortes na produção. Contudo, a Rússia, o parceiro mais importante do reino na administração da oferta, até agora resistiu à iniciativa.

Embora o grupo tenha adotado novas restrições de oferta no início deste ano, a queda da demanda ameaça os mercados com um excedente de cerca de 1,7 milhão de barris por dia durante o primeiro trimestre e 560 mil no segundo. No mês passado, a Opep já estava bombeando o menor volume de petróleo desde a crise financeira de 2009, segundo a AIE.

A aliança Opep+ já corria o risco de ter que lidar com o excesso de oferta no primeiro semestre de 2020, por causa do aumento contínuo da produção de empresas de gás de xisto dos EUA, informou a agência. É provável que o setor de gás de xisto resista à queda dos preços até o fim do ano, segundo a AIE.

Dada a abundância de oferta, os cortes da produção de membros da Opep, como Líbia e Nigéria, causam pouco impacto nos preços, informou a agência.

Para contatar o editor responsável por esta notícia: Daniela Milanese, dmilanese@bloomberg.net