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As 570 bilhões de razões para Johnson buscar um acordo com a UE

Zoe Schneeweiss e Jeremy Diamond

18/02/2020 12h45

(Bloomberg) -- O Brexit despedaçou 50 anos de política comercial no Reino Unido, separando o país de seu maior mercado único. O primeiro-ministro britânico Boris Johnson agora tenta colar as peças novamente.

Desde que o Reino Unido deixou a União Europeia em 31 de janeiro, Johnson enviou seu secretário de Relações Exteriores para um tour na Austrália e Japão para mostrar que o país está aberto para negociar, enquanto seu governo promove a ideia de um acordo comercial com os Estados Unidos.

Mas há um mercado que importa mais do que qualquer outro: o da União Europeia. O bloco é, de longe, o maior destino comercial do Reino Unido, e representou 436 bilhões de libras (US$ 570 bilhões) em comércio no ano passado - quase 50% do comércio total de mercadorias no país.

Confira alguns dos números que ditarão as prioridades do Reino Unido nos próximos meses.

Hierarquia

Os Estados Unidos são o maior parceiro comercial individual do Reino Unido, com a Alemanha logo atrás. Isso explica a prioridade de Johnson de fechar rapidamente um acordo com o governo Donald Trump. Mas a UE como um todo continua sendo, de longe, o maior bloco com o qual o Reino Unido negocia, mesmo que a participação das exportações do país para a UE tenha caído ao longo do tempo.

No entanto, Bruxelas não tem pressa em conceder ao Reino Unido acesso ao seu mercado, a menos que Johnson concorde em cumprir suas regras. Se o primeiro-ministro não conseguir chegar a um acordo com o bloco até o fim do ano, o Reino Unido sairá da UE no que seria muito parecido com um Brexit sem acordo. Por isso o interesse de Johnson em fazer acordos adicionais com outros países.

Vizinhos

O volume de comércio não é a única razão para o Reino Unido priorizar um acordo com a UE. Segundo a teoria da gravidade comercial, o nível de comércio entre dois países é proporcional ao seu tamanho e proximidade. É logisticamente mais fácil comprar e vender com seus vizinhos - um ponto que, no final das contas, não convenceu eleitores britânicos sobre o mérito de permanecer no bloco.

Negociações

Para o governo do Reino Unido, forjar acordos com EUA, Japão, Austrália e Nova Zelândia é um objetivo fundamental. A ideia é que os laços históricos do governo britânico com esses países facilitem acordos, mas, considerando o volume de comércio bilateral, Nova Zelândia e Austrália ficariam muito atrás da China e da Índia.

Dividendo

Mas o acordo crucial permanece sendo o da própria UE. Análise da Bloomberg Economics com um modelo de gravidade sugere que os benefícios desse acordo compensariam apenas cerca de metade do custo de saída da UE.

Amigos para sempre

Um desafio de sair da UE é que qualquer acordo comercial que o bloco tenha fechado não será mais aplicado ao Reino Unido quando o período de transição terminar em 31 de dezembro. Até agora, o Reino Unido estendeu acordos com 48 países, que respondem por quase 48 bilhões de libras em comércio. Ainda estão em andamento acordos vinculados a mais 33,5 bilhões de libras de comércio de mercadorias.

--Com a colaboração de Brendan Murray e Timothy Ross.

Para contatar o editor responsável por esta notícia: Daniela Milanese, dmilanese@bloomberg.net

Repórteres da matéria original: Zoe Schneeweiss London, zschneeweiss@bloomberg.net;Jeremy Diamond em London, jdiamond22@bloomberg.net