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Muitas cidades têm metas climáticas, conheça as que cumprem

Jeremy Hodges, Laura Millan Lombrana e Dimitrios Pogkas

18/02/2020 15h16

(Bloomberg) -- Mais da metade da população mundial vive em cidades, que produzem cerca de 70% das emissões globais de gases de efeito estufa. Portanto, embora a mudança climática seja um problema global, as causas e o impacto no dia a dia terão que ser abordados em nível local.

"Uma empresa pode mover ativos, mas as cidades não são assim", diz Paul Simpson, presidente do CDP, um grupo de pesquisa sem fins lucrativos que incentiva instituições a divulgarem emissões de gases de efeito estufa. "As cidades sabem que estão muito expostas ao risco climático" e que também têm oportunidades de aperfeiçoamento, com melhor qualidade do ar e qualidade de vida para as pessoas.

Todos os anos, o CDP publica um catálogo de empresas chamado de Lista A, que inclui empresas que não só traçaram planos de ação para a adaptação ao clima, como também divulgaram publicamente itens como inventários de emissões, ou seja, o mix de tipos de poluentes emitidos, e seu progresso para alcançar os objetivos. No ano passado, o CDP lançou um ranking semelhante para cidades.

Cerca de 12% das 850 cidades analisadas foram incluídas na Lista A de 2019, publicada nesta terça-feira, acima dos 7% do ano passado. No geral, segundo o CDP, o número de cidades em todo o mundo com rigorosos padrões ambientais em vigor mais do que dobrou.

O progresso não faz parte do ranking, mas, com base nos dados, algumas cidades claramente se saem melhor do que outras.

Das cidades que responderam à solicitação de dados do CDP, Palo Alto, na Califórnia, é a mais próxima de atingir suas metas: segundo seus próprios dados, já percorreu mais de 56% do caminho para atingir sua meta de reduzir as emissões em 80% antes de 2030, em comparação à base de 1990. Estocolmo e Toronto estabeleceram um ritmo semelhante, embora seus objetivos estejam mais distantes. Antes o coração da Revolução Industrial do Reino Unido, Manchester também está muito adiantada em sua ambição de eliminar a maior parte das emissões até 2038. Isso envolverá a remoção de gases do efeito estufa equivalentes a 20,6 milhões de toneladas de CO2 da atmosfera.

Mais de 46 cidades estabeleceram metas de redução de 80% das emissões até 2050 ou antes, enquanto 19 delas se comprometeram em alcançar a neutralidade em carbono. Cidades maiores, como Londres, Paris e Nova York, avançam rumo às metas em ritmo mais lento, mas a tarefa também é mais difícil, pois suas emissões totais são muito maiores.

Em geral, países ricos tendem a se sair melhor na lista. Mas a inclusão de cidades como Iskandar, na Malásia, e Rio de Janeiro na Lista A deste ano mostra que o senso de urgência se intensifica, especialmente nos países em desenvolvimento, que sentem os efeitos de eventos climáticos extremos mais diretamente.

Os dados também mostram, no entanto, que grandes objetivos nem sempre coincidem com ações no terreno. Oslo e Seattle estabeleceram algumas das metas mais ambiciosas do mundo, mas fizeram pouco para alcançá-las. A capital norueguesa estabeleceu uma meta de redução de emissões de 95% em relação aos níveis de 1990 até 2030. Três anos após a promessa e com 10 anos para o fim do prazo, avançou apenas 10%. Seattle percorreu 6% do caminho para atingir a meta estabelecida em 2011 de zerar a poluição até 2050.

Cidades de alguns dos países mais poluentes do mundo estão visivelmente ausentes da lista deste ano. Não há notas altas para nenhuma cidade da Índia, por exemplo. Embora nenhuma cidade da China continental tenha entrado na lista, Hong Kong é reconhecida.

Para contatar o editor responsável por esta notícia: Daniela Milanese, dmilanese@bloomberg.net

Repórteres da matéria original: Jeremy Hodges em Londres, jhodges17@bloomberg.net;Laura Millan Lombrana em Madrid, lmillan4@bloomberg.net;Dimitrios Pogkas em N York, dpogkas@bloomberg.net