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Crise de açúcar nos EUA deve piorar, diz maior corretora dos EUA

Marvin G. Perez

26/02/2020 14h38

(Bloomberg) -- A oferta de açúcar já está apertada nos Estados Unidos e parece que as coisas podem piorar. O clima instável destruiu plantações nos EUA, no México e na Tailândia, grande fornecedora global.

A avaliação é de Frank Jenkins, presidente da JSG Commodities, a maior corretora de açúcar dos EUA. Ele alerta para uma menor oferta neste ano. A produção dos EUA deve cair para o menor nível em quase uma década. Algumas empresas de alimentos norte-americanas já pagam cerca de 25% a mais para garantir suprimentos de açúcar refinado, e o aumento de preços pode continuar, disse.

Traders não devem ser complacentes apenas porque o mercado de futuros desacelerou em relação aos preços elevados no fim do ano passado, quando os problemas da safra nos EUA vieram à tona. Embora haja mais oferta disponível agora, a disponibilidade pode voltar a cair em alguns meses, alertou Jenkins.

"Há uma calma no momento que é enganosa", disse Jenkins em entrevista. "Os estoques de açúcar dos EUA estão no pico cíclico de fevereiro e março. O teste real será de junho a setembro."

Clima instável

Nos EUA, o açúcar é produzido tanto da beterraba quanto da cana, e este ano as duas variedades foram afetadas. A chuva e a neve atingiram regiões de beterraba de Minnesota à Dakota do Norte, enquanto o excesso de umidade afetou a cana-de-açúcar cultivada na Louisiana.

A maior parte do açúcar importado pelos EUA é proveniente do México, que tem prioridade no aumento de compras sob o acordo comercial bilateral. O problema é que o México enfrenta seus próprios problemas após uma seca que atingiu as plantações. Se os EUA tiverem que comprar de outros fornecedores globais, isso poderá significar preços mais altos. A maioria dos analistas prevê déficit global este ano devido a problemas climáticos na Tailândia, o segundo maior exportador mundial.

Preocupações com um aperto no fornecimento levaram o Departamento de Agricultura dos EUA a aumentar as licenças para importações do México. Mas é possível que a agência seja obrigada a procurar outras fontes, disse Jenkins em entrevista durante evento do setor em Palm Springs, Califórnia. As importações de outros produtores podem somar até 400 mil toneladas, disse.

"O México não conseguirá atender às necessidades de importação dos EUA, e o desafio para o USDA será encontrar a combinação certa de importações brutas e refinadas", disse Jenkins.

Ainda assim, Humberto Jasso, vice-presidente executivo da Câmara Mexicana de Açúcar, disse estar confiante de que seu país pode cumprir todos os compromissos de embarque atribuídos pelo USDA. O México terá excedente exportável de cerca de 1,67 milhão de toneladas, disse em entrevista.

Além disso, é improvável que os problemas com a produção dos EUA se estendam além da atual temporada, segundo o USDA. A agência espera aumento de 16% da produção na próxima temporada, quando a necessidade de importações também deverá diminuir.

Mas, por enquanto, os preços domésticos podem continuar subindo. O açúcar refinado dos EUA subiu 25% desde meados de outubro, para 44 centavos de dólar por libra-peso, de acordo com Jenkins, que projeta aumento para 50 centavos nos próximos meses.

Para contatar o editor responsável por esta notícia: Daniela Milanese, dmilanese@bloomberg.net