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Presos em casa, milionários aumentam negócios de private bank

Alfred Liu e Chanyaporn Chanjaroen

09/03/2020 15h07

(Bloomberg) -- De repente, os super-ricos da Ásia têm tempo de sobra.

O coronavírus obrigou muitos deles a trabalhar de casa, cancelar viagens e evitar os campos de golfe. Com isso, os milionários agora têm mais tempo para negociar ações em meio à turbulência, aumentando a receita do Citigroup e de outros bancos da região.

"Os clientes estão inquietos", disse Jyrki Rauhio, chefe de private bank para o do sul da Ásia do Citigroup. "Agora viajam menos e têm mais tempo para olhar os mercados e revisar seus portfólios."

O Citigroup, com sede em Nova York, faz parte do grupo que inclui UBS e JPMorgan Chase e cujas negociações deram um salto este ano, apesar de o vírus abalar mercados em todas as classes de ativos. O aumento das negociações ajudou a aliviar o impacto da crise de saúde que congelou partes dos negócios bancários na Ásia, de fusões a ofertas públicas iniciais, e bloqueou a movimentação de banqueiros de investimento em todo o mundo.

"Duvido que a volatilidade vá desaparecer em breve", disse Mark Matthews, chefe de pesquisa na Ásia do banco suíço Bank Julius Baer, em Cingapura. Ele disse que os clientes têm buscado produtos estruturados, como derivativos e opções, para fazer hedge contra as perdas. "Algumas dessas (transações, especialmente produtos estruturados) são uma forma de proteção, fornecendo um colchão para a baixa."

Impulso

A volatilidade do mercado tem deixado operadores ocupados. A atividade de corretagem do JPMorgan na divisão de private bank na Ásia aumentou mais de 30% em fevereiro em relação ao ano anterior, já que clientes ricos negociaram mais, disse Kam Shing Kwang, presidente regional da unidade.

"A atividade dos clientes tem sido boa até agora", disse Kwang em entrevista. "A tendência depende de quanto tempo o surto de vírus vai durar."

As fortes oscilações das ações se refletem nos dados de negociação das bolsas de valores. Cerca de 49,1 bilhões de ações do índice MSCI Asia Pacific mudaram de mãos em 26 de fevereiro, o nível mais alto já registrado, segundo dados compilados pela Bloomberg.

--Com a colaboração de Moxy Ying e Jun Luo.

Para contatar o editor responsável por esta notícia: Daniela Milanese, dmilanese@bloomberg.net

Repórteres da matéria original: Alfred Liu Hong Kong, aliu226@bloomberg.net;Chanyaporn Chanjaroen em Cingapura, cchanjaroen@bloomberg.net