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Exportações globais de alimentos atrasam com gargalos em portos

Jen Skerritt, Leslie Patton e Emele Onu

09/04/2020 16h38

(Bloomberg) -- O congestionamento dos portos que tem paralisado embarques de alimentos ao redor do mundo não dá sinais de melhora. Na verdade, em alguns lugares, está piorando.

Nas Filipinas, autoridades de um porto, que é um ponto de entrada importante para o arroz, disseram no início desta semana que o terminal corria risco de fechar devido ao acúmulo de milhares de contêineres em razão das medidas de bloqueio. Enquanto isso, toques de recolher na Guatemala e Honduras, conhecidos por seus cafés especiais, têm limitado o horário de operação nos portos e reduzido a velocidade dos embarques. E em partes da África, que dependente muito da importação de alimentos, não há trabalhadores suficientes para ajudar a descarregar as cargas.

Os pontos de estrangulamento nos portos são apenas mais um exemplo de como o vírus interfere na produção e distribuição de alimentos no mundo todo. Caminhões em longas filas, trabalhadores de fábricas doentes, proibições de exportação e compras motivadas por pânico contribuem para as prateleiras vazias dos supermercados, mesmo em meio à ampla oferta.

E existe a ameaça de que as coisas piorem se os problemas de portos se espalharem. Um pequeno número de países, por exemplo, exporta a maior parte do arroz e trigo do mundo, fontes básicas de calorias. A soja da América do Sul ajuda a alimentar o gado do planeta, e a grande maioria do cacau é exportada de uma pequena parte da África Ocidental.

No Brasil, maior exportador mundial de soja, carne bovina, café e açúcar, os embarques operam em ritmo normal. Empresas trouxeram mais contêineres refrigerados vazios para aliviar a escassez que atrasou os embarques de carne. O país também conseguiu exportar volumes recordes de soja em março, depois que o governo interveio para evitar uma greve de estivadores preocupados com questões de segurança.

Sérgio Mendes, diretor-geral da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), disse que o volume de exportações do Brasil é tão grande que qualquer problema precisa ser resolvido rapidamente. Caso contrário, isso pode causar gargalos logísticos no mundo todo.

©2020 Bloomberg L.P.