Migrantes europeus retornam a países de origem durante pandemia
(Bloomberg) -- Depois que o Covid-19 matou a idosa que Mihaela Danaila cuidou por nove anos no norte da Itália, ela entrou para o grupo de 1,3 milhão de romenos que trabalhavam no exterior e retornaram para casa.
Mihaela, de 37 anos, fazia parte de um êxodo constante rumo ao oeste, depois que o país ex-comunista entrou para a União Europeia. As fronteiras abertas permitiram que médicos, engenheiros e operários da construção recebessem salários mais altos em outros países, escapando da corrupção e falta de assistência médica. A mudança ajudou países mais ricos a lutar contra o envelhecimento da população, mas deixou a terra natal dos trabalhadores com dificuldade para preencher postos.
O vírus reverteu parte do fluxo migrante quase da noite para o dia: países do leste agora têm trabalhadores de sobra. A questão é se ficarão. Embora os salários não tenham subido, a região registrou muito menos mortes por Covid-19 do que na Europa Ocidental. Agora, os governos da Romênia, Ucrânia e Sérvia desejam manter pelo menos alguns dos que voltaram. Pessoas como Mihaela podem ficar.
"Não quero voltar para a Itália porque a vida entre estranhos é difícil", disse. "Vou ver o que acontece nos próximos meses. Se conseguir um emprego aqui, seria ótimo."
A procura por emprego no momento é difícil. Mas, apesar de bater recordes, o desemprego não chega aos níveis de países como Itália e Espanha.
A Romênia - que perdeu pelo menos 4 milhões de cidadãos para a emigração desde que ingressou na UE em 2007, mais do que qualquer outro estado membro - calcula que pelo menos um terço dos que retornaram estão procurando emprego ativamente e podem ajudar a impulsionar os setores de energia, agricultura e indústria nos próximos anos. Uma iniciativa é direcionada a esse grupo: uma doação de 40 mil euros (US$ 43,35 mil) para uma fazenda.
"É uma prioridade do governo reter essas pessoas - faremos isso através de investimentos, criando empregos", disse o ministro das Finanças Florin Citu. "Antes da crise, muitas empresas reclamavam que não conseguiam encontrar trabalhadores. Agora, a força de trabalho está aqui e precisamos apoiá-la."
Na Ucrânia, o presidente Volodymyr Zelenskiy ansiava atrair de volta os que partiram depois que a UE concedeu isenção de visto em 2017. Cerca de 1 milhão estavam na Polônia antes da crise.
Embora com menos retornos do que na Romênia, o banco central da Ucrânia estima que cerca de 300 mil pessoas voltaram para o país durante o confinamento, ou 10% do total. Um programa oferecerá empréstimos a juros baixos para montar negócios. O projeto 'Grande Construção' para renovar estradas deve criar 170 mil empregos.
©2020 Bloomberg L.P.
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