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Economia global mostra primeiros sinais de recuperação

Richard Miller, Fergal O'Brien e Michelle Jamrisko

28/05/2020 07h34

(Bloomberg) -- Lentamente, mas em meio à incerteza, a economia mundial emerge da hibernação imposta pelo coronavírus.

Como governos relaxam medidas que fecharam empresas e permitem que consumidores viajem e comprem novamente, indicadores de dados de alta frequência e confiança sugerem cada vez mais que a pior recessão global desde a Grande Depressão atingiu um piso.

Segundo um novo conjunto de indicadores de atividade diária da Bloomberg Economics, quase todas as economias monitoradas registraram retomada da atividade desde o fim de março e início de abril, embora nenhum país ainda esteja próximo dos níveis pré-vírus. Alemanha, Japão e França estão entre os que mais recuperam, enquanto a atividade na Espanha e Reino Unido continua relativamente fraca.

Um legado de maior desemprego, falências e temores relacionados à saúde também indica que a retomada deve ser lenta após o impulso inicial. Uma recuperação completa é improvável antes da descoberta de uma vacina. Ainda existe o risco de que o vírus provoque uma segunda onda, obrigando que restrições sejam impostas novamente.

"No geral, a situação está melhorando, mas é um processo lento", disse Torsten Slok, economista-chefe do Deutsche Bank Securities, em entrevista à Bloomberg Television. "Estamos no fundo do desfiladeiro e olhando para cima."

Formuladores de políticas trabalham para dar impulso à subida com mais estímulos econômicos. Na quarta-feira, o Japão anunciou mais de US$ 1 trilhão em auxílio extra para famílias e empresas, enquanto a Comissão Europeia lançou um pacote de 750 bilhões de euros (US$ 825 bilhões) para ajudar as economias mais atingidas do continente.Os investidores, por sua vez, mostram sinais de confiança. As bolsas europeias subiam na quinta-feira, e os mercados avançaram na maior parte da Ásia, pois sinais contínuos de reabertura das economias contrastam com o aumento das tensões China-EUA sobre Hong Kong.

Na China, o epicentro original do vírus, os primeiros indicadores de maio sugerem que a recuperação continua. Os índices oficiais dos gerentes de compras devem mostrar avanço, com forte retomada do setor de serviços, de acordo com a Bloomberg Economics.

Painel de dados de alta frequência nos EUA

Nos EUA, alguns sinais são evidentes. A maioria dos indicadores do mais recente painel semanal da Bloomberg Economics de dados de alta frequência, alternativos e baseados no mercado, mostra uma leve, mas constante melhora em relação a níveis extremamente baixos. Os dados incluem pedidos de seguro-desemprego, solicitações de hipotecas e viagens aéreas e em transporte público. Viagens aéreas e reservas em restaurantes também estão aumentando, embora ainda estejam muito abaixo dos picos.

Europa

Quanto à Europa, o relaxamento das restrições também permite a recuperação das economias. As lojas começam a reabrir, assim como restaurantes em muitos países, e dados de alta frequência que medem desde a mobilidade das pessoas a reservas de restaurantes mostram o início de uma retomada.

Alguns indicadores de confiança e atividade também se estabilizaram após queda nos dois meses anteriores, reforçando a ideia de que a economia da zona do euro está no auge da crise.

Na quinta-feira, o índice de confiança divulgado pela Comissão Europeia mostrou pequena melhora em maio.

No Reino Unido, junho será um mês importante. As escolas terão permissão para reabrir, e há um cronograma para a reabertura de lojas após dois meses difíceis. Mas será um avanço cauteloso. O Reino Unido ultrapassou a Itália e a Espanha em casos de vírus e tem o maior número de mortes na Europa.

Apesar da retomada da atividade, a maioria dos economistas descarta a ideia de recuperação em forma de V."Existe divergência entre Wall Street e a 'Main Street', disse Nouriel Roubini, professor da NYU Stern School of Business, à Bloomberg Television, em referência ao contraste entre as perspectivas do mercado financeiro e a realidade das empresas. "A recuperação será anêmica. Algo como um U."

©2020 Bloomberg L.P.