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EUA superam 100 mil mortes por vírus com funerárias em crise

Jef Feeley

28/05/2020 15h49

(Bloomberg) — É uma das novas e estranhas realidades da pandemia: o setor funerário está em crise nos Estados Unidos.

Na verdade, o negócio anda tão ruim que diretores de funerárias se preocupam com a possibilidade de nunca se recuperar completamente.

O motivo: para muitos, o Covid-19 transformou os grandes serviços funerários tradicionais em algo do passado, pelo menos por enquanto. Mesmo antes do vírus, empresas funerárias tinham dificuldade para lidar com as mudanças de gostos. Agora, caixões, flores e lotes de cemitérios caros parecem ainda menos atraentes do que opções mais baratas ou cremação.

A mudança atingiu em cheio a Service Corporation International, a maior prestadora nos EUA de serviços funerários, cemitérios e cremações com mais de 1,9 mil unidades na América do Norte.

Em teleconferência sobre o balanço em 30 de abril, o CEO Tom Ryan disse que as vendas médias de funerais - que em tempos pré-pandemia poderiam incluir visita, serviço completo, caixão de bronze e arranjo floral exuberante - caíram 11% no mês passado na comparação anual. As vendas a clientes que compram lotes antes da morte despencaram mais de 35%.

"Em fevereiro e a primeira parte de março, tivemos um grande impulso dos negócios", disse Ryan na teleconferência. "Então, todos sabemos o que aconteceu: o Covid-19 e os efeitos cascata."

A crueldade de Covid-19, com o número de mortos nos EUA tendo superado 100 mil, abala tradições na indústria da morte, que movimenta US$ 16,3 bilhões. Os funerais com centenas de pessoas agora oferecem um quadro triste de 10 membros da família ao redor do túmulo ou cremação. Os caixões forrados de cetim com preços de US$ 10 mil ou mais são substituídos por urnas de cremação de US$ 300 encomendadas on-line. As visualizações por vídeo são necessárias em tempos de isolamento social.

"Não há dúvida de que todos estamos perdendo dinheiro", disse Robert Kugler, gerente de uma funerária em Saddle Brook, Nova Jersey, que atua no ramo há 36 anos. "A pergunta é: voltará ao normal quando tudo isso acabar? Ninguém sabe a resposta neste momento, porque está muito longe do fim."

©2020 Bloomberg L.P.