Citi vê juro negativo no Reino Unido por vírus e 'Brexit duro'

(Bloomberg) -- Mais economistas compartilham da opinião de operadores de que o Banco da Inglaterra deve reduzir as taxas de juros abaixo de zero, o que refletiria a crescente pressão da pandemia de coronavírus sobre a economia e o risco de um Brexit sem acordo.

Christian Schulz, diretor de pesquisa europeia do Citigroup, disse que o BOE provavelmente vai cortar a taxa básica para -0,1% em meados de 2021, caso o Reino Unido deixe a União Europeia sem um novo acordo comercial. Um relatório de economistas da RBC prevê taxas negativas já em novembro.

Com a taxa de referência já em 0,1% e compras extras de ativos pelo banco central previstas para o fim deste mês, o debate se concentra em outras medidas para reativar a economia diante do que poderia ser a pior recessão em três séculos. O presidente do BOE, Andrew Bailey, e outros formuladores de políticas não descartam juros negativos, mas deixaram claro que a decisão está longe de ser fato consumado.

Mercados monetários têm precificado juros negativos há semanas. Investidores agora apostam que o Reino Unido vai entrar para o clube de juros negativas até o fim de fevereiro, de acordo com swaps de taxas de juros overnight. Os rendimentos de alguns títulos do Reino Unido já estão abaixo de zero.

O risco de "uma saída dura do mercado único e da união aduaneira da UE no fim do ano está muito perto e muito provável para ser ignorado", disse Schulz, do Citi, em relatório. "Taxas negativas podem ser particularmente eficazes na redução de falências, protegendo, em vez de minar instituições financeiras monetárias."

Embora mais compras de títulos e estímulo fiscal sejam as principais ferramentas nesse caso, a economia talvez ainda precise de mais incentivo, disse Schulz. A política monetária pode ter um papel importante a desempenhar durante um grande gargalo na cadeia de suprimentos, porque a política fiscal pode ser menos eficaz.

Segundo projeções do BOE publicadas no mês passado, o PIB britânico pode encolher 14% neste ano. Um Brexit duro pode desacelerar a recuperação esperada pelas autoridades.

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