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Rali de bolsas sob teste com protestos em ruas dos EUA

Sarah Ponczek e Lu Wang

01/06/2020 13h14

(Bloomberg) -- O mercado acionário que tem enfrentado a pandemia, economias paralisadas e dezenas de milhões de empregos perdidos agora precisa navegar pela agitação civil nas ruas dos Estados Unidos, o que pode agravar todos os desafios.

As bolsas dos EUA entram em junho tendo recuperado mais de dois terços em relação à onda vendedora que eliminou US$ 12 trilhões do mercado acionário, graças à alta de 36% desde março que desafia todos prognósticos de baixa. Com mostra surpreendente de resiliência, o rali levou os valuations do S&P 500 à máxima em 20 anos, beneficiando setores como bancos e companhias aéreas.

Juntamente com o apoio do banco central, as perspectivas de uma rápida reabertura da economia dos EUA e a prevenção de uma segunda onda de vírus puxaram a recuperação que, segundo alguns indicadores, foi uma das mais rápidas do gênero já registradas. Essas esperanças agora são testadas pela violência em dezenas de cidades depois que George Floyd, um homem negro de Minneapolis, foi morto pela polícia na semana passada.

"Tivemos distúrbios que obrigaram muitas grandes cidades a impor toque de recolher e a enviar a Guarda Nacional. Podemos razoavelmente esperar que isso não ajude a curva do coronavírus a se inclinar na direção certa, justo quando parecíamos ter momentum a nosso favor", disse Max Gokhman, responsável por alocação de ativos da Pacific Life.

Peter Tchir, diretor de estratégia macro da Academy Securities, cujas previsões otimistas se confirmaram em meio à recuperação, disse que estava "sem palavras" ao considerar o alcance da angústia que domina o país.

"Manifestei preocupação de que empresas fechadas pudessem levar à agitação social, mas os protestos em andamento não têm nada a ver com isso", escreveu Tchir em nota no domingo. "Quanto tempo vão durar? Vai haver uma escalada? Será que algo bom sairá que mudará os problemas subjacentes que parecem ter causado isso? Não sei qual será o impacto para a economia e os mercados."

Várias empresas cujos negócios se seguraram durante a pandemia anunciaram medidas para lidar com os protestos. A Amazon.com reduzirá as entregas e fechará as estações em Chicago, Los Angeles e Portland. A Apple manteve algumas lojas fechadas, citando preocupações com a saúde e segurança dos funcionários. Chicago avalia adiar o relaxamento das restrições de isolamento depois dos danos causados pelos protestos do fim de semana.

"Não temos certeza do impacto imediato que isso terá na economia ou nos mercados", disse Matt Maley, estrategista-chefe de mercado da Miller Tabak. "Como vimos na década de 1960, a agitação social nem sempre tem um impacto negativo." No entanto, poderia facilmente ter um impacto nas eleições, disse. "Todos vamos acompanhar esses acontecimentos de perto daqui para frente."

O presidente Donald Trump lidera as intenções de voto (51% contra 44% de Joe Biden) nos chamados "estados vermelhos" onde venceu em 2016, de acordo com pesquisa da ABC News/Washington Post divulgada no domingo. Biden tem ampla vantagem (65% contra 32%) nos estados com vitória da candidata democrata Hillary Clinton em 2016.

©2020 Bloomberg L.P.