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Minério ultrapassa US$ 100 em meio à interdição de minas da Vale

James Attwood e Krystal Chia

07/06/2020 18h36

(Bloomberg) -- Os contratos futuros de minério de ferro ultrapassaram US$ 100 a tonelada depois que a Vale recebeu a ordem de suspender operações que respondem por cerca de um décimo da produção devido a casos de Covid-19 entre trabalhadores. A paralisação aumenta as preocupações de que o aumento dos casos possa afetar outras minas no país, principal exportador de minério depois da Austrália.

A parada é mais um choque de oferta que atinge o mercado global nos últimos 18 meses. Em 2019, o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho afetou os preços e, neste ano, fatores climáticos também atingiram a produção. O minério de ferro pode ficar acima de US$ 100 nos próximos dois meses, disse o Morgan Stanley, embora tenha alertado que ainda espera superávit e preços mais baixos no último trimestre. Preços mais altos beneficiarão grandes produtoras australianas como BHP, Rio Tinto e Fortescue Metals.

Zeng Ning, analista da CITIC Futures, disse que o novo problema de oferta no Brasil deve manter os preços elevados no curto prazo. Ao mesmo tempo, a demanda na China é forte, com boa rentabilidade das siderúrgicas, taxas de utilização crescentes e baixos estoques portuários, disse.

A paralisação na Vale coincide com a explosão de casos de Covid-19 na América Latina. Com população altamente urbanizada, a região de 600 milhões agora é um novo epicentro global. O continente é grande exportador de cobre e produtos agrícolas, além de minério de ferro. Em número de casos, o Brasil agora só perde para os EUA.

Uma liminar determinou a suspensão da atividade de mineração no Complexo de Itabira, onde 188 trabalhadores testaram positivo para a Covid-19. A determinação judicial vai vigorar até uma decisão final sobre o mérito ou até que a Vale cumpra as medidas de controle para proteção contra o coronavírus. A Vale disse que, no momento, não há necessidade de corte do guidance depois de anunciar uma redução em abril.

Os contratos futuros subiram 6,2%, para US$ 103,53 a tonelada, e negociados a US $ 102,49 às 14:57 em Cingapura, o que seria o maior fechamento desde agosto. Os preços spot superaram US$ 100 a tonelada no fim de maio e se mantiveram acima desse nível desde então.

Antes da ordem de parada de Itabira, a expectativa era de que o mercado global passaria a registrar superávit no segundo semestre, repetindo a tendência do ano passado, quando os preços subiram no primeiro semestre devido à crise de oferta e depois caíram com o aumento da produção.

Embora as perspectivas no Brasil sejam incertas, os embarques australianos estão em alta. As exportações de Port Hedland - o principal porto de minério de ferro do país - atingiram recorde para o mês de maio e o volume foi o segundo mais alto da história, segundo dados divulgados na segunda-feira.

©2020 Bloomberg L.P.