Fusões e aquisições dão sinais de retomada, dizem especialistas
A perspectiva de uma grande fusão no setor global de assistência médica ajuda a aumentar a confiança de investidores na recuperação das atividades de fusões e aquisições, afetadas pela pandemia de coronavírus.
A farmacêutica britânica AstraZeneca teria feito um contato preliminar com a rival dos EUA Gilead Sciences sobre uma possível fusão, segundo reportagem da Bloomberg News no domingo. Caso decidam prosseguir, seria o maior negócio no segmento de saúde de todos os tempos e um sinal de que outros acordos estão por vir, dizem banqueiros e advogados.
"O mercado de fusões e aquisições começa a mostrar sinais de atividade", disse Anu Aiyengar, corresponsável de fusões e aquisições globais do JPMorgan Chase. Ela disse que a retomada é vista "particularmente entre compradores estratégicos bem capitalizados com alvos lógicos", bem como empresas que procuram acordos apenas com troca de ações em bolsas voláteis.
O volume global de fusões e aquisições caiu quase pela metade neste ano, segundo dados compilados pela Bloomberg, já que as empresas foram obrigadas a tentar sobreviver aos choques econômicos da covid-19. O valor das fusões e aquisições anunciadas, excluindo investimentos minoritários, ficou pouco acima de US$ 100 bilhões em abril e maio combinados, o volume mais baixo para um período de dois meses em 22 anos.
Embora mais de US$ 15 bilhões em transações tenham sido canceladas por mútuo consentimento por causa do impacto do vírus, consultores dizem que as negociações suspensas estão sendo retomadas, já que os conselhos corporativos respondem à reabertura das economias e dos mercados de dívida e ao forte apoio de banco centrais.
"Vemos um nível crescente de diálogo, principalmente em torno de fusões, e estamos otimistas de que isso levará a um aumento dos volumes de fusões e aquisições", disse Anton Sahazizian, responsável por fusões e aquisições dos EUA na consultoria boutique Moelis & Co.
Ainda assim, é improvável que qualquer recuperação neste ano alcance os níveis de 2019 de mais de US$ 3 trilhões, devido à crise econômica e ao aumento do protecionismo. As negociações no segundo semestre devem continuar afetadas pela incerteza em torno da vacina para a covid-19 e pela eleição presidencial dos EUA em novembro, disse Jim Langston, sócio de fusões e aquisições do escritório de advocacia Cleary Gottlieb Steen & Hamilton.
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