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Ataque a contas do Twitter destaca perigos para eleições nos EUA

Ben Brody, Misyrlena Egkolfopoulou e Kartikay Mehrotra

16/07/2020 11h54

(Bloomberg) -- O ataque de hackers contra várias contas proeminentes do Twitter, incluindo a do presidenciável democrata Joe Biden, levantou novamente questões sobre a capacidade da empresa de combater a desinformação na plataforma e reacendeu preocupações sobre possíveis interferências nas eleições em novembro nos EUA.

O Twitter e outros sites de rede social como Facebook já estavam no radar sobre sua capacidade e vontade de proteger a integridade do processo democrático e evitar uma repetição de 2016, quando a Rússia divulgou notícias falsas para ajudar a candidatura de Donald Trump.

Essa pressão aumentou na quarta-feira quando Biden, Barack Obama, Jeff Bezos, Bill Gates, Warren Buffett e Elon Musk estavam entre os principais líderes políticos e empresariais cujas contas foram invadidas para enviar tuítes em um ataque aparentemente coordenado para promover um golpe de criptomoedas.

"O que aconteceu hoje deve ser uma bandeira vermelha em termos das enormes quantidades de desinformação que já existem nesta eleição, e só vai piorar", disse Meredith McGehee, diretora-executiva da Issue One, uma organização sem fins lucrativos focada em reformas políticas. "Quando você tem como alvo candidatos presidenciais e os homens mais ricos do mundo, isso mostra a vulnerabilidade deles."

Políticos foram rápidos em pedir que a empresa respondesse a perguntas ou que os EUA reforçassem sua posição de segurança cibernética.

O deputado democrata Frank Pallone, de Nova Jersey, que preside o Comitê de Energia e Comércio da Câmara que supervisiona grande parte da política de tecnologia dos EUA, disse em tuíte que o Twitter "precisa explicar como todas essas contas importantes foram invadidas". A deputada democrata Carolyn Maloney, de Nova York, que preside o Comitê de Supervisão, enviou comunicado destacando que havia acabado de realizar uma audiência sobre a criação de um diretor nacional para assuntos cibernéticos nos EUA.

O senador republicano Josh Hawley, do Missouri, um crítico do setor de tecnologia que apoiou Trump em acusações de que as maiores plataformas de rede social tentaram silenciar vozes conservadoras, escreveu uma carta ao CEO do Twitter, Jack Dorsey, poucos minutos após o ataque.

Ele instou Dorsey a entrar em contato com o Departamento de Justiça e o FBI para proteger o site, e perguntou sobre o possível roubo de dados e se a violação afetou usuários selecionados ou a segurança da plataforma em geral.

Contas verificadas como a de Pallone e de outros membros do Congresso tiveram problemas para fazer publicações na quarta-feira à noite, enquanto a empresa as bloqueava em um aparente esforço para impedir o golpe, enquanto a porta-voz de Hawley, cuja conta não tem o selo azul, teve que tuitar a carta do senador.

Quem invadiu o Twitter, e como, certamente são as maiores preocupações imediatas da empresa. Mas, até o episódio de quarta-feira, usuários podiam não se preocupar tanto em saber se as contas verificadas eram realmente de quem alegavam ser. E que as mensagens dessas contas eram de fontes autênticas.

Esse sentimento de confiança pode ter sido alterado durante uma janela de cinco horas, quando algumas das contas de maior perfil do Twitter foram controladas por um invasor, disse Laura Galante, fundadora da empresa de pesquisa cibernética Galante Strategies.

"O que é realmente importante agora são os parâmetros que o Twitter define para divulgar esses incidentes ao público", disse. "E como você vai verificar rapidamente se um tuíte é falso e se uma conta foi invadida. Isso é algo que eles precisam descobrir agora."

É verdade que eleitores que seguem o Twitter podem ser rápidos em reconhecer declarações falsas de Biden, Trump e outras figuras de destaque - ou a mídia checará essas declarações com urgência. No entanto, a credibilidade das contas realmente se torna um problema nos níveis estadual e local.

©2020 Bloomberg L.P.