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Ameaça de segunda onda de Covid afeta commodities, diz Rio Tinto

David Stringer

17/07/2020 11h32

(Bloomberg) -- A recuperação global desigual em meio à pandemia de coronavírus e a preocupação com a possibilidade de uma segunda onda de Covid-19 pesam sobre as perspectivas dos mercados de commodities, de acordo com a Rio Tinto.

Embora a demanda seja forte na China, principal consumidor de matérias-primas, o mercado de cobre permanece fraco nos EUA, o setor de alumínio é desafiado pelas fracas vendas de automóveis e a recuperação deve ser moderada na Europa e no Japão, mesmo com a flexibilização das medidas de isolamento social, disse a segunda maior mineradora do mundo na sexta-feira.

"Se eu olhar para a situação chinesa, a recuperação está bem encaminhada", e o país mostra recuperação em forma de V, dando suporte ao minério de ferro e à bauxita, disse o CEO da Rio Tinto, Jean-Sebastien Jacques, em entrevista por telefone.

"Não tenho muita certeza sobre qual letra do alfabeto devo escolher para os outros países", afirmou. "Começamos a ver alguns sinais de recuperação na construção e no setor automotivo dos EUA e da Europa, mas é lenta."

Uma segunda onda de casos de coronavírus continua sendo a principal ameaça para economias avançadas, segundo a Rio Tinto, que neste mês anunciou a paralisação de uma fundição de alumínio em dificuldades na Nova Zelândia. Na sexta-feira, a mineradora disse que o futuro de outra operação na Islândia permanece em análise.

"A incerteza no mercado é porque não há dúvida - não é uma questão de se, é uma questão de quando - de que teremos uma segunda onda de Covid-19", disse Jacques em entrevista de Cape York, no norte de Queensland, onde fez a primeira visita a uma unidade em quatro meses. As restrições de viagens foram flexibilizadas em algumas partes da Austrália.

A Rio Tinto alertou que a crise global de fornecimento de cobre pode piorar. Obstáculos relacionados à Covid-19 afetaram cerca de 3% a 4% da oferta anual até agora, e essa proporção pode aumentar. A produção de cobre da empresa caiu 3% no segundo trimestre.

A demanda por minério de ferro continua alta na China, e a Rio Tinto disse que está ganhando clientes por meio de vendas nos portos. A empresa também avança o projeto da mina de Simandou na Guiné.

A mineradora disse que implementou novos controles após a destruição de sítios pré-históricos aborígenes em maio para a expansão de uma mina de ferro. O incidente causou preocupação entre investidores e pode afetar futuras licenças de minas na Austrália, disse o Goldman Sachs neste mês.

"Vamos aprender com isso para garantir que não aconteça novamente", disse Jacques na entrevista. "Ainda existem muitas perguntas e não temos todas as respostas."

©2020 Bloomberg L.P.