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Lemann, Telles, Sicupira tomam empréstimo do Credit: Fontes

Cristiane Lucchesi e Felipe Marques

14/08/2020 08h00

(Bloomberg) -- Os bilionários por trás da 3G Capital Partners pediram dinheiro emprestado ao Credit Suisse Group para comprar pelo menos R$ 2 bilhões na oferta pública de ações da varejista brasileira Lojas Americanas, de acordo com pessoas a par do assunto.

Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira usaram alavancagem para participar da oferta de R$ 7,87 bilhões da empresa no mês passado e manter sua participação de 61% do capital votante, disseram as pessoas, pedindo para não serem identificadas porque o empréstimo é privado.

Do magnata Michael Klein, que detém a maior fatia na varejista Via Varejo, aos fundadores da fabricante de cosméticos Natura, os investidores mais ricos do Brasil estão tomando empréstimos para comprar ações nas ofertas de suas empresas diante da oportunidade de taxas de juros no Brasil e em outras grandes economias em mínimas históricas.

A estratégia permite que eles levantem dinheiro para suas empresas sem diluir suas participações. Os fundadores da Natura Luiz Seabra, Guilherme Leal e Pedro Passos pegaram dinheiro emprestado com o Banco Bradesco e o usaram para injetar pelo menos R$ 508,1 milhões na empresa como parte de um aumento de capital de cerca de R$ 2 bilhões, disseram as pessoas. A empresa brasileira de cosméticos, que comprou a Avon por cerca de US$ 2 bilhões em ações no início deste ano, estava procurando reduzir a alavancagem e aumentar seu caixa.

Klein comprou R$ 106 milhões da venda de ações de R$ 4,46 bilhões da Via Varejo em 16 de junho, uma transação que ainda reduziu sua participação na empresa de 11,6% para 9,9%, disse ele em um e-mail. Ele também pediu dinheiro emprestado ao Credit Suisse para essa transação, disseram as pessoas. A família Klein tinha uma participação de 27,4%, que caiu para 22,8% após a venda das ações, segundo Klein. Michael Klein vendeu ações no mercado e hoje a família tem fatia de 22,6%.

O Credit Suisse e os tomadores de empréstimos vinculados às Lojas Americanas, Natura e Via Varejo não quiseram comentar as transações de crédito.

O Bradesco não quis comentar sobre nenhum empréstimo específico, mas disse que tem apoiado "diversas histórias de crédito no mercado e o Bradesco BBI, por sua vez, está presente na maior parte de operações do mercado de capitais". "Estamos muito ativos financiando nossos clientes, mesmo no período de crise, inclusive, acionistas de companhias que tem estruturado emissões para capitalizar suas empresas", disse o banco.

Os brasileiros ricos do private banking tinham R$ 47,8 bilhões em crédito em junho, 19% a mais do que em dezembro, de acordo com a Anbima, a associação dos mercados de capitais do país.

©2020 Bloomberg L.P.