Oxfam: Concentração de renda entre os mais ricos cresceu R$ 12 tri em 2024

Os bilionários do mundo acumulam mais R$ 12 trilhões após crescimento recorde das riquezas em 2024, segundo a Oxfam, ONG de combate à pobreza. Conforme o relatório divulgado nesta segunda-feira (20), a velocidade de avanço das riquezas foi três vezes maior que no ano anterior. Com isso, a riqueza somada de bilionários em todo o mundo cresceu US$ 2 trilhões (R$ 12 trilhões) em 2024 e atingiu US$ 15 trilhões (R$ 90 trilhões).

O relatório foi divulgado antes do início do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, um encontro anual que reúne chefes de Estado, representantes das principais economias do mundo e líderes empresariais e da sociedade civil. As expectativas apontam que o primeiro trilionário do mundo deve surgir na próxima década.

Se o 1% mais rico da população mundial possui agora 45% da riqueza global, 44% da humanidade vive com menos de US$ 6,85 (R$ 41,5) por dia, e as taxas de pobreza global praticamente não mudaram desde 1990, segundo o relatório. "Apresentamos este relatório como um alerta de que as pessoas comuns em todo o mundo estão sendo esmagadas pela enorme riqueza de poucos", disse o diretor-executivo da Oxfam, Amitabh Behar.

Segundo a organização, o peso da riqueza transferida através de herança cria uma "oligarquia aristocrática" que acumula riquezas em níveis recordes em todo o mundo e aumenta a desigualdade social.

Os ricos estão ficando mais ricos

Uma média de quatro pessoas se tornaram bilionárias por semana em 2024, diz a Oxfam, que projeta a existência de ao menos cinco trilionários em todo o mundo em uma década. Isso porque a riqueza dos 10 bilionários mais ricos cresceu em média US$ 100 milhões (R$ 606 milhões) por dia nos últimos 10 anos.

Behar alertou sobre a criação de um sistema econômico em que "os bilionários agora são praticamente capazes de moldar as políticas econômicas e sociais, o que acaba lhes gerando cada vez mais lucro".

O relatório também apontou que uma em cada dez mulheres no mundo vive em extrema pobreza. Elas fornecem o equivalente a 12,5 bilhões de horas por dia de trabalho não remunerado, acrescentando um valor estimado de US$ 10,8 trilhões (R$ 65 trilhões) à economia global, três vezes o valor da indústria global de tecnologia.

Políticas de Trump podem alimentar desigualdades

O presidente dos EUA, Donald Trump, também foi mencionado no relatório da Oxfam, pois suas políticas, incluindo cortes de impostos e desregulamentação, estão sendo criticadas por potencialmente alimentar a desigualdade e enriquecer ainda mais bilionários como Elon Musk — um dos principais apoiadores da campanha de reeleição de Trump.

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"A joia da coroa dessa oligarquia é um presidente bilionário, apoiado e comprado pelo homem mais rico do mundo, Elon Musk, comandando a maior economia do mundo", disse Behar.

Segundo o relatório, isso também influencia o Sul Global, já que o 1% mais rico dos países do Norte Global, como os EUA, extraiu cerca de US$ 30 trilhões (R$ 182 trilhões) por hora de países de baixa e média renda em 2023.

Além disso, "os países do Norte Global controlam 69% da riqueza global e acolhem 68% dos multimilionários, apesar de representarem apenas 21% da população global".

Em Davos, manifestantes com faixas onde se lia "taxem os ricos" e "queimem o sistema" se reuniram antes da cúpula, que deverá se concentrar principalmente em estratégias econômicas, inteligência artificial e conflitos globais. Entre seus 3 mil participantes estão líderes mundiais e executivos de negócios.

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