Ex-diretor do FMI critica condições de acordo imposto à Grécia
O francês Dominique Strauss-Kahn, ex-diretor gerente do FMI, criticou neste domingo (19) as "espantosas" condições do acordo para o terceiro resgate da Grécia, e alertou que o contexto em que foi estabelecido, a que responsabiliza fundamentalmente a Alemanha, criou "um clima devastador".
Em artigo intitulado "Carta a meus amigos alemães" e publicado em inglês, alemão e francês, Strauss-Kahn, sem entrar em detalhes sobre "as medidas impostas à Grécia", criticou que "o contexto no qual se estabeleceu este ditado que criou um clima devastador".
Ele ponderou que "o caráter amador do governo grego e a relativa inação de seus antecessores superou os limites", e que entende os credores, liderados pelos alemães, estarem fartos com a situação criada.
Mas, para ele, os dirigentes europeus tinham que ter ficado acima da tentação de "uma vitória ideológica sobre um governo de extrema esquerda a custo da fragmentação da União. Porque se trata disso".
O político socialista - que ambicionava se candidatar à presidência da França em 2012 até um escândalo sexual em Nova York em maio de 2011 afundar sua carreira - criticou que tenha se imposto uma lógica contábil.
E que os gestores do acordo tenham se negado a "aceitar uma perda, que é evidente, ao continuar adiando um compromisso sobre a redução da dívida (grega), e tenham preferido humilhar um povo porque foi incapaz de fazer reformas".
Em sua análise, por ter privilegiado os "ressentimentos, por mais justificados que fossem, antes dos projetos de futuro, deram as costas ao que deve ser a Europa, à solidariedade cidadã".
Strauss-Kahn estimou que, no fundo, pode se deduzir que o euro é "uma união monetária imperfeita forjada a partir de um acordo ambíguo entre França e Alemanha".
Para a Alemanha, se tratava de fixar um regime de taxa de câmbio fixo em torno da sua moeda, o marco, e impor a partir daí sua visão econômica, enquanto para a França era uma forma "um pouco ingênua e romântica" de criar uma divisa de reserva internacional que respondesse às "ambições de grandeza" de sua elite.
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