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Opep vê redução do excesso de petróleo pela queda dos investimentos

13/05/2016 10h22

Viena, 13 mai (EFE).- A queda da produção petrolífera nos Estados Unidos e os cortes nos investimentos em exploração e extração reduzirão este ano o excesso de petróleo disponível no mercado, razão para o desabamento dos preços, avaliou a Opep em um relatório divulgado nesta sexta-feira.

A queda dos preços do petróleo nos últimos 18 meses aliviou os consumidores, mas foi muito negativa para a indústria petrolífera, e provocou também queda nos investimentos, alertou o relatório mensal de maio da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).

Segundo os analistas do grupo, os investimentos petrolíferos continuam a sofrer fortes cortes devido a falta de rentabilidade por causa do baixo preço do petróleo, que nos últimos 18 meses passou de US$ 100 a menos de US$ 30.

Só de 2015 até agora, estima-se que o setor cortou US$ 290 bilhões em investimentos, o que afeta a descoberta e a exploração de novas jazidas.

"Isto continuaria a tendência decrescente de novas descobertas que já havia começado ano passado, quando menos de três bilhões de novos barris foram acrescentados ao petróleo já conhecido, muito menos do que em anos anteriores", apontaram os especialistas do grupo.

Para o período entre 2016 e 2018, a indústria petrolífera espera investir US$ 40 bilhões por ano em explorações, menos da metade do investimento entre 2012 e 2014.

"Muitas das decisões de investimento para os projetos foram adiadas ano passado porque já não são justificáveis com o entorno atual de preços", afirmou o relatório.

"É necessário um adequado retorno do investimento para manter os níveis de produção, assim como para permitir o crescimento necessário (do bombeamento) para satisfazer as necessidades futuras de maneira oportuna", afirmou a Opep.

"Portanto, um retorno ao equilíbrio (no mercado) é um interesse partilhado por consumidores e produtores", acrescentou.

A Opep calcula para 2016 um consumo mundial de 94,18 milhões de barris por dia (mb/d), frente a um bombeamento de 95,13 mb/d, o que manterá o superabastecimento no mercado, o principal motivo da queda dos preços.

Mas esse excesso de oferta caiu pela metade em comparação com o ano 2015, quando era de 2,1 mb/d, segundo a Opep, pelo aumento em 2,7 mb/d da produção, até os 95,1 mb/d.

Neste ano, a produção dos países concorrentes da Opep, aqueles que não estão no grupo, cairá 740 mil barris diários, e grande parte dessa queda, cerca de 430 mil, será nos EUA.

Já a produção da Opep crescerá este ano 1,8 mb/d, até os 31,5 mb/d, segundo os cálculos do grupo.

Vários analistas apontaram que a Arábia Saudita, líder da Opep e seu maior produtor, impôs ao grupo uma estratégia de superabastecimento para expulsar do mercado os produtores que não podem competir com um petróleo barato.

A queda na produção nos EUA, que dobrou sua produção de petróleo nos últimos anos devido a técnicas de extração alternativas e mais caras, como o petróleo de xisto, parece indicar que a estratégia está funcionando.

Quanto ao preço, a Opep destacou que o valor médio de abril do seu barril de referência foi de US$ 37,86, 9,3% a mais que em março, e 40% a mais que os mínimos, alcançados no início de ano.

A alta se deve, assegurou a Opep, às expectativas de uma iminente melhora no mercado, apesar do persistente excesso de produção, que segue superando o milhão de barris por dia.

Os analistas da Opep mantiveram sua expectativa de crescimento econômico global de 3,1% para 2016, embora tenham destacado que o Brasil sofrerá este ano uma recessão mais severa, com uma contração de 3,4%, meio ponto percentual a mais do que o previsto no relatório anterior.

A China teve sua previsão de crescimento revisada para cima pela Opep (0,2 pontos percentuais a mais) até 6,5%, liderando, junto com a Índia (7,5%), o crescimento dos países emergentes.

Já os países industrializados se mantiveram sem alterações, com estimativa de 2% de crescimento este ano, concluiu a Opep em seu relatório.