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Ucrânia busca por espiões russos entre jornalistas credenciados por rebeldes

21/05/2016 15h37

Kiev, 21 mai (EFE).- A Ucrânia procura por espiões russos em uma lista de jornalistas que pediram credenciamento para as autoridades separatistas pró-Rússia para cobrir o conflito que castiga o leste do país nos últimos dois anos.

Estão na relação vários correspondentes de veículos internacionais, entre eles profissionais da Agência Efe. Há também pelo menos quatro brasileiros: Leandro Colon, do jornal "Folha de S. Paulo", Andrei Netto, do "Estado de S. Paulo", Sandro Fernandes, colaborador do site "Opera Mundi" na Rússia, e Maurício Lima, credenciado pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj).

A lista, que tem informações pessoais como nome, telefone e e-mail de cerca de 4 mil profissionais de imprensa, foi divulgada na terça-feira pelo site "Mirotvorets" (Pacificador, em russo), que acusa jornalistas de "cooperarem com combatentes de uma organização terrorista", em referência aos rebeldes pró-Rússia que atuam nas regiões de Donetsk e Lugansk.

"Nós reagimos de maneira muito cautelosa após a publicação dessa informação. Agora, estamos revisando a lista", disse Yuri Tandit, assessor do Serviço de Segurança da Ucrânia, em entrevista à emissora local "Canal 5".

"Chegará o momento em que aqueles que se escondem atrás de uma credencial de jornalista e atuam em benefício do país vizinho, que infringem as leis e espiam nosso Estado, responderão por seus atos", completou o representante do governo ucraniano.

Após a publicação da lista com os dados pessoais de milhares de jornalistas ucranianos e estrangeiros, a Procuradoria de Kiev abriu uma ação penal contra o site "Mirotvorets" por "obstrução ao trabalho jornalístico".

O escritório da Defensoria Pública da Ucrânia ordenou a imediata retirada da lista da internet, já que alguns jornalistas que estão na relação denunciaram ter recebido ameaças.

Por outro lado, o Mistério das Relações Exteriores da Rússia afirmou que a "lista negra" é uma represália aos repórteres, que são acusados de serem "inimigos da Ucrânia".

O site que publicou a relação na última terça-feira é atribuído a Anton Gueraschenko, assessor do ministro do Interior da Ucrânia, Arsen Avakov. Acredita-se que a lista foi roubada por hackers que acessaram arquivos do Ministério de Propaganda da autoproclamada República Popular de Donetsk.